O podemos aprender com os problemas actuais na fileira do leite?


1 – Os negócios das fileiras agrícolas passam por alto e baixos. A fileira do leite passa, neste momento baixo, fruto de uma crise que advém da fraca rentabilidade do seu negócio, embora há poucos anos apresentasse alta rentabilidade. Conclusão, os produtores não devem desistir nas épocas baixas porque se for possível aguentar melhores tempos/resultados virão com o passar do tempo. Muitos dos produtores que têm problemas na actualidade não os têm resultantes de investimentos realizados com base em pressupostos de preços altos na valorização do leite? Seria aconselhável terem sido mais precavidos na racionalização de custos e na melhor organização do processo produtivo 2 – Quando há problemas na fileira cada um dos elos da fileira tenta encontrar as causas maiores dos seus problemas fora daquele onde está inserido. No dia de ontem, os produtores de leite organizaram em Vila do Conde uma manifestação para protestarem contra a Distribuição Organizada porque comercia leite importado, o qual vende a preços mais baixos que o adquirido à produção nacional. Será que cada um dos produtores está a fazer tudo o que está ao seu alcance: 1- Para racionalizar os seus custos de produção? 2 - Para incrementar a produtividade e qualidade do leite produzido com o objectivo de amortecer o abaixamento do preço de valorização do leite? Conclusão: Faltam estudos que comprovem que o actual modelo técnico-económico da produção do leite é o que garante a sua maior sustentabilidade económica. Os problemas da rentabilidade da produção do leite têm que ser resolvidos pela adequação dos custos da produção ao seu valor de mercado e pelo atingir de produtividades e qualidade que garantam a competitividade deste elo da fileira.3 – Faz falta uma associação de produtores forte que defenda os interesses socioprofissionais dos seus associados. A manifestação de ontem foi organizada por um conjunto de pessoas denominado “Movimento Mais Português - Produtores de Leite”, o que parece ser uma associação informal, independente de qualquer associação agrícola. Quais as causas de não serem as associações existentes a defenderem os seus associados? Não existem para esse fim? Pelo trabalho que desenvolvem os seus associados ou a sociedade em geral não lhes reconhece “massa crítica”? Estão demasiado comprometidas com a indústria ou com os partidos políticos? Conclusão: uma associação de produtores forte seria mais eficaz na condução dos interesses da fileira.4 - Por outro lado, a indústria do leite tem os seus custos racionalizados? A estratégia de industrialização do leite é a correcta? Está a melhorar a quota dos produtos da industrialização do leite que dão maior valor acrescentado? Conclusão: Falta provar que a grande agro-indústria do leite é uma organização eficiente.5 – A concentração industrial representada na LACTOGAL é boa pelas economias de escala que obtém, mas é má porque há falta de outra entidade de dimensão semelhante que lhe faça concorrência, obrigando-a a ser mais eficiente no trabalho que realiza. A concentração da oferta deu aos seus responsáveis a ideia que podiam dominar o mercado nacional e com esta estratégia empurraram a Distribuição Organizada para a importação de leite, tendo como objectivo diversificarem os fornecedores e limitarem a força comercial da LACTOGAL. Quais as causas da LACTOGAL não ter a mesma força comercial nos produtos lácteos fora dos leites que detém nos leites? Será que estava convencida que o mercado do leite nunca teria limitações/concorrência? A estrutura humana da LACTOGAL, administração, direcção e técnica, está em equilíbrio com a realidade actual dos mercados? Porque é que ao fim de mais de vinte anos não houve renovação dos seus dirigentes? Serão os dirigentes actuais os mais capacitados para conduzir a Fileira nestes tempos conturbados de grandes incertezas? Conclusão: Faltam ser conhecidos publicamente os estudos que comprovem a eficiência da LACTOGAL
Foto:FreeDigitalPhotos.net

Comentários

José Silva disse…
A ANIL tem pano p'ra mangas e p'ra vestidos de cauda:

http://anilact.pt/content/view/138/125/

E a Lactogal está lá representada:

http://anilact.pt/content/view/139/126/

Que mais se pode pedir:

Representar e defender o sector transformador lácteo português a nível nacional e internacional, junto das administrações, de outras entidades públicas e privadas e da opinião pública.

Influenciar, pelos interesses do sector transformador lácteo, as matérias legislativas, técnicas e económicas que directa e indirectamente o afectam, bem como pugnar pelo desenvolvimento técnico desta actividade.

Difundir informação legal e técnica, mantendo para tanto contactos e intercâmbios de informações com entidades nacionais e estrangeiras.

Estudar e divulgar matérias de interesse económico-social ou técnico com vista à dinamização e desenvolvimento da actividade da actividade dos seus associados e prestar apoio directo e termos de consultadoria, nomeadamente nos domínios jurídico, económico, fiscal, financeiro, laboral e associativo.

Velar pela manutenção de um clima de sã concorrência, desenvolvendo códigos de ética e promovendo as condições para a prática de um leal posicionamento no mercado.

Outorgar protocolos de cooperação, onde sejam acordadas condições que perspectivem benefícios para os associados e/ou o desenvolvimento de potencialidades a aproveitar numa conjugação de esforços.
Negociar e subscrever convenções colectivas de trabalho que abranjam em todo o território nacional as empresas associadas e os seus colaboradores.

Participar activamente em outras associações ou organizações empresariais nacionais, da União Europeia ou internacionais, com plena capacidade de actuação na defesa dos interesses do sector transformador lácteo português.

Gerir os seus próprios recursos, patrimoniais ou orçamentais, visando a sua aplicação aos fins e actividades da Associação.
Promover a defesa legal dos interesses do sector transformador do leite e lacticínios português.

http://anilact.pt/content/view/136/123/
José Silva disse…
Afinal, quem tem razão?

In JN:

...

Depois, veio a crise económica, o consumo retraiu-se, a Europa ponderou a eliminação das quotas em 2015 e o preço do leite ao produtor caiu também drasticamente. Mas, para as grandes superfícies que possuem marca própria de leite, não terá sido suficiente, pelo que as importações de leite subiram, de repente, 50% no ano passado. Vendido ao consumidor final a 39 cêntimos, os produtores garantem que "não pode ter qualidade" e não conseguem competir.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) chegou a acusar a Lactogal de gerir um verdadeiro "monopólio" no leite nacional, e terá sido a recusa em continuar a aceder às condições da cooperativa que levou as grandes superfícies a importar o leite de marca própria.

De acordo com Fernando Cardoso, da FENALAC, da qual é associada a Lactogal, esta está a pagar o litro de leite ao produtor a 29,79 cêntimos e "se fosse realmente responsável por algum monopólio, num momento de baixa de preços aproveitaria para pagar o mínimo possível, o que não é o caso". O problema do leite ultrapassa a questão das quotas de produção e é "apenas uma questão de distribuição" que poderá levar ao "desaparecimento de todo um sector em Portugal que emprega 80 mil pessoas".
José Martino disse…
A "guerra da comercialização" do leite teve a sua origem no aumento dos preços dos produtos agrícolas, salvo erro, no 2.ºSemestre de 2007.
Como os preços estavam a subir, quer a Lactogal, quer a Distribuição Organizada tentaram tirar o máximo partido da "eventual especulação" que pudessem fazer. A distribuição fez encomendas acima das suas necessidades e a Lactogal fez entrega abaixo da mesma frasquia. A Distribuição Organizada sentindo-se ameaçada no abastecimento de produtos foi para o estrangeiro buscar soluções. Correm rumores que nesta fase o Grupo Jerónimo Martins trocou licenças para abertura de novas lojas na Polónia por um contrato alargado de comercialização de leite polaco em Portugal.
Além disso, eu busco adquirir produtos de origem nacional (faço, semanalmente, as compras da minha família nos supermercados)tinha dificuldades em perceber pelas indicações escritas nos pacotes qual o país de origem do leite. O consunidor português pelas limitações financeiras que possui tem grande apetência pelos produtos de preço mais baixos, normalmente as marcas brancas das Cadeias de Supermercados.

Como a procura de leites baratos se incrementou, assim houve um aumento de 50% nas importações de leite. Como se resolve o problema? Colocando o leite português a um preço mais competitivo (a Lactogal tem que diminuir a sua estrutura de custos, sem provocar abaixamento no preço de aquisição do leite aos produtores. Caso não o consiga terá que fazer um pequeno ajustamento no preço de compra do leite. Por outro lado, a Fenelac e/ou ANIL deveriam publicar os preços de venda do leite aos Supermercados para que a pressão da opinião pública os obrigasse a apertar a sua margem de comercialização).
José Silva disse…
As coisas vão mexendo: a AdC está a agir.

http://www.oje.pt/noticias/nacional/concorrencia-vai-analisar-a-distribuicao

A questão do leite foi ontem levada ao Parlamento, tendo o deputado do CDS/PP, Abel Batista, referido existir, em determinadas regiões do país, uma situação de monopólio na recolha do leite e pelo menos uma entidade que baixa unilateralmente os preços. Disse ainda que, apesar de os preços pagos aos produtores terem baixado 40%, essa quebra não se tem reflectido nos consumidores.

O presidente da APED referiu, no início desta semana, que a fileira da produção de leite é muito atomizada e existe "um operador dominante que comprou a Renoldy", acrescentando que "a distribuição tem todo o interesse que a fábrica continue e seja uma alternativa à Lactogal". Esta empresa disse ontem que luta com excedentes de matéria-prima, tal como acontece com as restantes empresas nacionais do sector, tendo de "dar escoamento, com perdas elevadas". A Lactogal diz que os preços em Portugal são, em média, 15% mais baixos do que em Espanha.

......

Continuamos a precisar de reforçar as exigências legais e sociais: ética e transparência e diálogo, para um melhor equilíbrio de forças e de interesses.
José Martino disse…
Precisamos sobretudo de melhor informação para sermos mais incisivos na n/ pressão:
1- Os preços pagos à produção são mais caros em Portugal face aos outros países produtores?
2 - Os preços de venda do leite são mais baratos 15% face a Espanha?
3- Qual a explicação para esta aparente incongruência?

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