Proposta para melhorar a dimensão das explorações agrícolas.

Criar através da CGD uma linha de crédito bonificado com a duração de 30 anos, destinada à aquisição de terrenos ou pagamentos de tornas a co-herdeiros, para que as explorações agrícolas possuam ou ultrapassem as dimensões das economias de escala de cada uma das produções que neles se venham a desenvolver. Se nesse período de tempo a exploração for desmembrada ou abandonada o empresário agrícola terá que repor o valor dos juros bonificados (30 M€ por ano daria para intervir pelo menos em 40 000 hectares, a uma taxa de bonificação de 5%, a um preço de custo médio de 15 000 € por hectare).Esta operação decorreria durante o período temporal máximo de 6 meses, como acção estruturante momentânea.

A sua repetição vai ser necessária porque tenho a certeza que vai haver mais mercado, o Estado irá compensar o capital imobilizado, quer por cobrança de taxas e impostos que incidem sobre o desenvolvimento das actividades agrícolas ou pelo abaixamento das importações de produtos agrícolas ou pela promoção das exportações.
Foto: www.dreamstime.com

Comentários

Anónimo disse…
o meio agrícola é demasiado fechado, os ( poucos ) agricultores mais novos são provavelmente quase todos filhos dos agricultores mais velhos.

está na altura de criar algumas rupturas, de mudar o status quo e de atrair para a agricultura pessoas doutros quadrantes com novas ideias e filosofias.

A facilitação do acesso à terra é uma boa forma de o conseguir ... mas não chega!

TÊM NECESSÁRIAMENTE QUE HAVER APOIOS PARA A CRIAÇÃO DE MICROEMPRESAS AGRÍCOLAS ... !!!

Alexandre
José Martino disse…
Os apoios existem o que falta é acesso á terra. conheço um elevado número de interessados em investir na agricultura que não consegue obter terrenos a preços razoáveis, cujo valor possa ser pago com os resultados da exploração agícola.

Os apoios para a criação de microemepresas agrícolas de jovens agricultora existem, podem não ser os mais adequados, mas são substanciais: 32 000 euros à contratação das ajudas, 8000 euros ao terceiro ano e 40 a 50 % de subsídio ao investimento. O que é mais necessário? Na minha opinião acesso à terra e crédito com prazos compativeis com a actividade a desenvolver para serem pagos por ela.

Se não existissem apoios ao investimento os interessados também se fariam.

Tenho várias empresas de serviços e nunca recorri a apoios ao investimento, arrisquei o meu capital, hipotequei património, trabalhei como um "escravo" ao longo de dezenas de anos porque o meu sonho era ser empresário e conseguir ter sucesso reconhecido pelo mercado. Os apoios ajudam a alavancar os investimentos e por isso são importantes, mas não substituem a vontade de arriscar e e vencer das pessoas que têm perfil de empresário. A minha máxima é esta: "É fácil dizer que isto vai mal e que nos faltam apoios. O difícil,mas não impossivel, é com os meios e os recursos que temos, lutarmos com "sangue, suor e lágrimas" para obtermos sucesso!"

Em conclusão, informe-me quais são os objectivos e as limitações que possui, que eu lhe darei a estratégia adequada para atingir os objectivos.
Anónimo disse…
.
vamos por partes:

1 - para mim não existem dúvidas absolutamente nenhumas ... A MELHOR ESTRATÉGIA É SEMPRE A TRANSPARÊNCIA!

consegue arranjar/impôr transparência nas tomadas de decisão sobre os Pojectos de Investimento?

2 - os 40 a 50% de apoio ao investimento eu conheço perfeitamente.
Mas, de onde vêm esses 32.000 Euros à contratação das ajudas.

3 - E não se esqueça que uma pessoa colectiva para poder concorrer tem que estar legalizada, ou seja, já tem que existir a empresa.

4 - Tão necessários como os apoios ao investimento são os apoios à própria criacão da (micro)empresa.

5 - segundo o que o próprio Eng. afirmou, esses tais 32.000 Euros ( que eu desconheço de todo ), são para a contratação das ajudas.

6 - uma pessoa sem INFLUÊNCIA, sem empresa e com pouco capital, mesmo que tenha ideias brilhantes, nunca conseguirá chegar à fase da contratação.

7 - isso é previlégio do STATUS QUO ... !!!

QUER QUE EU SEJA MAIS EXPLÍCITO ... ???
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José Martino disse…
Gostava que fosse mais explicito!!!
Não percebo entender o que pretende sugerir.

1- A estratégia tem a ver com o chamado "enquadramento dos projectos". Esta valia é o que distingue o valor dos projectistas. Pode-se montar a mesma operação de maneiras diversas. Os políticos prometeram que as candidaturas se fariam sem projectistas, mas a realidade veio demonstrar que somos cada vez mais necessários. É necessário conhecer todos os pormenores da legislação e dos trâmites do ProDeR. A experiênica do ProDeR e dos QCA's anteriores vão-nos dando mais valias.
Actuo de maneira transparente: Trabalho todos os dias (8 dias por semana 12 a 16 horas por dia) esforço-me em cada dia por fazer melhor que no anterior, vou aprendendo com os erros, procuro fazer o que os outros não fazem porque não querem assumir riscos, luto para que a agricultura seja melhor, se estivesse ligado ao "sistema" certamente que não "perderia tempo a escrever neste blog".
Os projectos são decididos com transparência de acordo com a lei. Nunca verifiquei que existisse falta de transparência na reprovação ou aprovação de projectos (tenho projectos aprovados e reprovados). Quando os projectos são chumbados reapresentam-se até serem aprovados (é preciso persistência e capacidade de sofrimento)

2- Os 32000 euros são os 80% o prémio à 1.ª instalação de um jovem agricultor. Neste preciso momento estou a concluir uma candidatura de uma jovem agricultora que se propõe investir, no máximo 5000 euros, para desenvolver horticultura (a propiedade é arrendada e já possui todas as infra-estruturas). Com a candidatura aprovada receberá o dinheiro e pode fazer dele o que quiser.

3- Para se investir não se pode fazê-lo sem risco e sem dinheiro.
o custo de montar uma empresa não me parece limitativo para desemvolver uma actividade. em todo o caso tem como alternativa fazê-lo em nome pessoal (é mais barato, em contrapartida em caso de falência responde-se com todo o património que possuirmos).

4 - Quanto custa criar uma microempresa?
Quem não tem capital não pode ser empresário.
Eu gostaria de ter empresas de grandes dimensões, mas como não possuo capital, nem crédito de montante compatível com este facto, possuo microempresas, o importante, na minha opinião é que sejam rentáveis.

5- Os 32 000 euros que o ProDeR paga após assinatura do contrato com o Jovem Agricultor que se instala pela 1.ª vez, são o prémio da sua 1.ª instalação (este montante pode ser aplicado onde decida).

6- A minha opinião é a oposta da sua. O que é necessário é vontade de vencer. A vontade, o trabalho e a capacidade de assumir riscos movem montanhas. Já assisti a pessoas com menos meios que os meus terem melhores resultados que os meus.
Conheço pessoalmente centenas de pessoas "sem influência",sem empresa, com pouco capital, com ideias normais e que conseguem ter os seus projectos contratados.
Aliás posso afirmar-lhe que nunca nenhum bom projecto deixou de ser implementado por falta de financiamento. É mais fácil ver limitações que lutar para as eliminar

7- Terá de explicar-me o que é o "status quo".

Já agora aceite o desafio, apesar de me dar gozo discutir ideias com quem não conheço, deixe-se de anonimatos e seja totalmente explicito
Anónimo disse…
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Nota1 - não era à sua transparência que eu me referia.

1 - apesar de ainda pouco termos discutido, parece-me uma pessoa inteligente, séria e intelectualmente honesta.

2 - por isso mesmo fiquei desiludido com o seu ponto 7.
é óbvio que sabe o que é o "status quo"/interesses instalados.

3 - mesmo nos concursos públicos para as grandes obras da nação, onde são esmiuçados e tornados publicos ( pelos decisores ) os mais infimos pormenores das propostas, geralmente existe polémica e os candidatos derrotados acabam invariavelmente por recorrer.
agora imagine nos concursos do PRODER, onde os decisores fazem tábua rasa da transparência e tomam decisões sem dar absolutamente nenhumas satisfações aos promotores.

4 - quem pode garantir que os Projectos aprovados são realmente melhores do que os Projectos chumbados ... ???

5 - a verdade é que no site do PRODER ainda não nos deram nenhuma informação acerca dos Projectos aprovados e dos respectivos promotores.

6 - eu estou disposto a apostar consigo ( agora até está na moda, com aposta registada no notário ) em como serão aprovados ( quase? )todos os Projectos dos Promotores que tinham feito investimentos entre 2007 e a entrega das candidaturas.

7 - fazer investimentos antes da data de entrega das candidaturas é alguma certificação de excelência?
esses Projectos são todos melhores do que os que foram chumbados?
será que os seus promotores tinham alguma informação previligiada?

8 - OBVIAMENTE, ESSES PROMOTORES FAZEM PARTE DO STATUS QUO.

9 - OBVIAMENTE, NEM EU NEM O MEU TIO SOMOS NENHUM DELES ( PROMOTORES ).

O QUE ACHA DESTA SITUAÇÃO?


Nota2 - Em relação ao meu anonimato, não há nada a fazer, é pura fatalidade. Eu sou o Alexandre, um insignificante cidadão anónimo ...
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LR disse…
Permitam-me regressar ao tema original e deixar o meu testemunho, como jovem agricultor, da dificuldade de acesso à terra, que, no fundo, vai de encontro ao que o Eng. Martino disse logo no início - terra demasiado cara. Na minha área o preço dos terrenos agrícolas (em zona que não é leito de cheia) começa a discutir-se a partir dos 5e/m2... e quando existe alguma abertura para falar em venda/compra. O arrendamento dificilmente é aceite por um período superior a 5 anos. E quando falamos em contrato, poderemos passar por vigaristas que queremos tomar a terra de assalto por algum golpe administrativo futuro. Não menos difícil será o tamanho médio dos terrenos. Uma coisa é negociar um terrenos de hectares (não é a realidade na minha zona - centro), outro é tentar ir comprando às parcelas de 1000/1500m2... Se a primeira custa x, a segunda vai custar x + 1 até atingirem valores verdadeiramente absurdos. Nestas circunstâncias, o meu pai conseguiu juntar um pouco mais de 3ha, a partir de um terreno com cerca de 3000m2. A aventura já vai em mais de 10 anos e, pelo menos para mim, é um exemplo de coragem (não só económica). Existiam 14 (!) parcelas dentro desta área. E muitas delas, apesar de pequenas, eram consideradas um importante património dos seus proprietários originais. Importante, não pela zona onde estivessem inseridas (que nunca será mais nada do que zona agrícola vulgar), mas porque existe uma grande resistência à venda. E 3ha é uma área que considero pequena. Junto a esta área temos 2 parcelas que não conseguimos comprar. Um dos donos recusa a venda - apesar de ter 85 anos, mulher inválida e descendentes que não têm (nem terão) qualquer interesse ou ligação com a terra. Faltou dizer que a terra não é cultivada há 3 anos, está a transformar-se num bom esconderijo para coelhos... A dona da outra parcela pede 10e/m2. É o mercado a funcionar :)
Admito que nunca reflecti em profundidade sobre estes temas, deixo aqui apenas o meu testemunho. Não me considero um pessimista. Nos meus planos, não penso primeiro no apoio governamental como condição imprescindível para o desenvolvimento do meu projecto. Imprescindível é ter onde trabalhar. Se o projecto é sustentável, se é realmente potencialmente rentável, temos que trabalhar para o concretizarmos. O financiamento arranjar-se-á, se não for num desejável curto prazo, pelo menos num razoável pequeno médio prazo.
Considero fantástico ter a possibilidade de acesso a apoios de 40 e 50%. Não sei se os meus filhos terão as possibilidades que vejo disponíveis. Realmente o que podemos querer mais? Tendo capacidade de trabalho, alguma capacidade de matemática/planeamento (não só na fase inicial do investimento, mas também na forma de produzir, com qualidade).
O que falta? Terra... :)
LR
Anónimo disse…
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Eng. José Martino,

Imagine um Zé ( não tem absolutamente nada a ver consigo ), um qualquer Zé, até pode ser o Zé de que falava o Durão Barroso antes de ir à sua nova/actual vidinha.
Imagine que o quarentão Zé trabalha no ramo automóvel que com a crise é sempre dos primeiros a ressentir-se. Um belo dia o Zé fica sem emprego. Coisa rara nos dias que correm, o Zé conseguir juntar uns trocos que perfizeram a quantia de 20.000 Euros. Como é uma pessoa bastante activa o Zé não desarma e logo procura novo emprego, mas as portas fecham-se todas na sua cara. O Zé não desanima e com o capital disponível pensa em montar o seu próprio negócio.
Ouve dizer que os Kiwis são um negócio rentável, e que com uma área de 3 há já podia ter uma actividade independente e a tempo inteiro.
O Zé passa procura informação sobre o assunto e fica a saber que, além de um bom terreno, precisa de bastante água. Comprar nestas condições é completamente proibitivo, o dinheiro do Zé não chega sequer para comprar o terreno, quanto mais para depois fazer os investimentos. Então pensa no arrendamento.
Com o seu apurado poder de persuasão, o Zé consegue convencer o dono do terreno a fazer um contrato de arrendamento por 10 anos, em condições bastante vantajosas que se traduziriam numa renda anual de 3.000 Euros.
Mas quando vai para assinar o contrato o Zé vacila: primeiro, ninguém lhe pode garantir que depois o seu Projecto irá ser aprovado. Segundo, mesmo que o Projecto venha a ser aprovado, isso só acontecerá p´raí 1 ou 2 anos depois, entretanto terão ardido 6.000 Euros a pagar na renda. Além da renda o Zé terá que pagar ao Projectista entre outras despesas. Mesmo que as coisas corram pelo melhor, quando chegar à fase da contratação os 20.000 já terão desaparecido.
Como irá depois o Zé financiar os investimentos … ???
O Zé é activo mas não é maluco … !!!

QUE TAL UM CONCURSO DA MEDIDA 1.1.1 SÓ PARA PESSOAS QUE AINDA NÃO ESTEJAM INSTALADAS … ???
QUE TAL EXIGIR A LEGALIZAÇÃO DESTAS PESSOAS SÓ DEPOIS DO PROJECTO APROVADO … ???

Cumprimentos
Alexandre
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José Martino disse…
O Zé está a pagar uma renda excessivamente alta, apesar de no passado haver quem tenha pago valores destes, na actualidade as rendas estão mais baixas. As pessoas previdentes fazem indexação do inicio do contrato à data de aprovação da candidatura.

Com 20 000 euros de capital e tendo que viver da actividade não recomendo a cultura do kiwi, apesar de rentável, demora 3 anos para entrar em produção e 5 anos para atingir a plena produção. Nestes 5 anos o Zé tem que tirar rendimento da agricultura para sustentar a família. Pode, por exemplo, com os 3 hectares investir na horticultura no modo de produção biológico. Necessita menor investimento, tem rendimento passados 3 meses e pode mudar rapidamente para se ajustar ao mercado.

Pode equacionar outras alternativas, um pequeno viveiro, a produção de plantas aromáticas e medicinais, etc. etc.

Soluções não faltam, o que é preciso é ter necessidade de ganhar a vida. Sofro do mesmo mal, se não fosse este facto não teria terminado o trabalho a esta hora!

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