Artigo na Gazeta Rural n.º 146 - Dezembro 2010

Publiquei na Gazeta Rural n.º 146, Dezembro de 2010 o seguinte artigo:

Prioridade à Agricultura
José Martino
(Engenheiro Agrónomo)

António Serrano, ministro da Agricultura, anda num frenesim. O até agora discreto governante parece ter tido um súbito ataque de mediatismo e, nos últimos dias, não tem parado de aparecer e de falar à comunicação social.
Agora foi a vez de se pronunciar sobre a racionalização do açúcar, para apelar à calma, para pedir que não haja açambarcamento, para garantir o regresso à normalidade e a manutenção do preço do produto.
Antes, para garantir, a curto prazo, a reposição dos stocks. Há dias, para se contentar com o maior volume de exportações de sempre do vinho nacional. Antes ainda, para revelar a aprovação de medidas de emergência para acorrer aos prejuízos causados pelo tornado. Uff!
Já se percebeu, há muito tempo, que o actual ministro da Agricultura não é um político, na acepção da palavra, mas mais um estudioso e um técnico. Isso não o faz mais, nem menos competente.
É uma característica. E uma característica relevante, nos tempos que correm. Já o seu antecessor, Jaime Silva, era o seu oposto – mais “high profile” e mais político. Ambos fizeram coisas positivas (Serrano ainda está a tempo de aumentar as coisas positivas ao seu currículo). Mas nenhum ficará para a história do Ministério da Agricultura.
Não por culpa deles. Ou não exclusivamente por culpa deles. O existe é um problema estrutural e de fundo da governação. Das duas uma: ou o Ministério da Agricultura tem à sua frente uma personalidade com peso político para reverter a favor dos agricultores; ou pura e simplesmente os problemas agrícolas são tratados como questões de “segunda ordem”.
Jaime Silva bem fez por aparecer. Mas o que conseguiu, para além de um número significativo de notícias nos jornais, foi incompatibilizar-se com os mais variados sectores agrícolas e ter alimentado uma guerra inútil com o líder do CDS/PP, Paulo Portas. Saiu sem honra, nem glória. Porquê? Porque o seu pelouro não tem o peso que devia ter.
Bem gostaria de assistir a um Conselho de Ministros e ver qual a importância que os outros ministros (e, claro, o Primeiro-Ministro) dão a António Serrano. Isto não tem nada censurável para o actual ministro da Agricultura. É, como disse, um problema estrutural.
É por isso que defendo que a Agricultura devia ser eregida a prioridade nacional e que o próximo ocupante do lugar fosse também nomeado Ministro da Presidência ou Ministro de Estado. Só assim a Agricultura pode ocupar o lugar que merece na economia nacional.

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