O leitor Nuno Alves colocou o seguinte:
1 - Como estamos numa economia de mercado a solução é muito simples: definam um valor para as rendas e naturalmente as terras para o banco aparecerão.Se o valor das rendas for alto, terras não faltarão no banco de terras. Se o valor for baixo, o projecto não terá sucesso. É necessário equilibrio e ponderação. Arriscar-me-ia a avançar com um valor indicativo anual de 1.500 a 2.000 euros/ha para garantir o sucesso da iniciativa e com imensos ha de terra a aderir ao banco. Duvido é que apareçam muitos agricultores para trabalhar essas terras.Uma analogia, alguém por aqui está a pensar ceder gratuitamente algum apartamento para arrendamento?Cumprimentos,Nuno Alves
11 de Novembro de 2011 10:08

2 - Apenas para complementar o meu comentário anterior, que acho que o banco de terras é uma boa ideia e certamente poderá ser um meio para dinamizar a agricultura nacional, mas não é a solução para os problemas.Considero que o principal problema é o financiamento a fundo perdido e todos os subsídios a actividades agrícolas e explorações que sem estes apoios não eram minimamente rentáveis. Faria sentido incentivos para a dinamiza de sectores ou fileiras mas não o financiamento directo à exploração. Por exemplo, neste momento existe financiamento para a instalações de kiwi mas, para explorações superiores a 4 ha e apenas para jovens empresários (os programas podem estar abertos mas não tem decisão). Deste financiamento pode resultar que o jovem agricultor tenha praticamente 100% do investimento a fundo perdido. Naturalmente, este agricultor, face a este incentivo (custo zero da exploração), não se importará de comprar terreno, em vez de 1 euro/m2, poderá dispor-se a pagar 4-5 euros. Ou seja, por via dos incentivos existe uma pressão especulativa sobre os preços dos terrenos e respectivas rendas. Pior, poderá estar a criar falsa percepção de rendibilidade das explorações (que por enquanto não é o caso dos kiwis).Enquanto não forem criadas fileiras de valor acrescentado que permitam a orientação natural dos agricultores para essas produções, iremos continuar a ter agricultores (subsidio dependentes) ricos, e outros mais pobres cujo rendimento da terra mal dá para a própria subsistência. Se eu tiver, 42 anos, 4 ha de terra, como é que posso competir com alguém de 39 anos que, mesmo não tendo terras, pagando ou não uma renda miserável, consegue plantar um pomar de kiwis a custo zero?!?! Isto não faz sentido!!! A solução não passa minimamente por eu entregar a prazo as minhas terras a esse jovem agricultor para que ele retire todo o proveito. O caminho não pode ser este! Ou estamos a defender novamente a expropriação de proprietários mas agora com um nome mais pomposo e moderno, imagine-se, com um nome de BANCO!Se as politicas para a agricultura não tiverem uma orientação de integração global, nada mudará.Atentamente,Nuno Alves.

Comentários:
1 - No banco de terras são colocadas os prédios rústicos de forma voluntária, pelos seus proprietários, não há lugar a imposições, nem expropriações porque há respeito pela propriedade privada.
2 - Há em Portugal 3 milhões de terras agroflorestais abandonadas, na minha opinião, se existirem banco e bolsas de terras a funcionar de forma eficiente e eficaz, haverá oferta de terras em quantidade suficiente para melhorar a atividade agroflorestal.
3 - Temos um grande defeito como portugueses, sempre que se propõem medidas inovadoras que podem ajudar a resolver os problemas, achamos que são a chave única para solucionar os múltiplos estrangulamentos do elevado número de processos das agriculturas de Portugal

Comentários

Anónimo disse…
Peço desculpa por ter respondido ao apelo "...Por favor, vejam o programa e escrevam neste blogue as vossas opiniões.".

Como conheço este blog há pouco tempo não sabia que o autor queria dizer para escrever apenas opiniões que estivessem em linha com as dele!

Nuno Alves

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