Estratégia para assumir uma profissão de sucesso

O leitor Pedro Teixeira escreveu o texto abaixo para o qual pede a minha opinião e os comentários que se seguem:
1 - Sobre a escolha do curso superior posso falar-lhe da minha experiência: em 1980 escolhi como primeira opção o curso de agronomia embora tivesse notas de acesso para entrar em qualquer curso incluindo medicina. Na época, a minha paixão foi um grande desgosto para os meus pais porque como eles tinham uma grande experência de vida sabiam das dificuldades, limitações e pouco prestigio social e político da agricultura na sociedade portuguesa. Felizmente parece que esta realidade começa a mudar! Com oito anos de trabalho técnico como agrónomo tive a minha primeira grande crise existencial sobre a escolha do curso: trabalhava como agrónomo todas as horas disponiveis, sete dias por semana, ganhava bem, mas considerava que se trabalhasse as mesmas horas como médico ou jurista seria muito melhor remunerado. Um amigo, um técnico espanhol que tinha à época já muita experiência de exercer agronomia em muitos países deu-me o conselho que lhe deixo, o qual me tem ajudado muito: "Pára de te queixares,  há excelentes oportunidades em todas as profissões, tens de ser inteligente, analisa a agronomia, verifica os setores que envolvem mais dinheiro, liga-te num deles e trabalha nele para seres uma referência!". Na minha opinião, tendo paixão pela arquitetura, "não faça fugas para a frente!" tirando um novo curso de agronomia, mas enfrente as agruras e dificuldades de começar, em último caso, se necessário exerça a profissão durante 2 ou 3 anos noutro país (acho que apesar das dificuldades pode montar uma estratégia para se lançar e ter sucesso em Portugal: ligue-se aos melhores, mas vá de forma autónoma fazendo trabalho, se necessário sem remuneração, que lhe dê portefólio. Na agronomia as coisas não são muito diferentes da arquitetura, exceto se fizer a instalação como jovem empresário agrícola. Neste caso, precisa de vocação e capital para ter potencial de no futuro vir a ter sucesso). Hoje o CV não pode ser o que temos escrito no papel mas o que consta na internet. Desafio-o a partir deste momento montar uma estratégia para o seu nome ser referenciado nos motores de busca na internet!

2 - Nos dias de hoje quem termina um curso superior é candidato ao desemprego, mas não ao "destrabalho", ou seja, na minha opinião, pela minha experiência de vida verifico que quem está disposto a correr riscos, quem tem objetivos para a sua vida e está disposto a pagar os custos pessoais, mais tarde ou mais cedo consegue chegar onde pretende. Se quer ser uma referência nas culturas hidropónicas faça benchmarking (dispenda até um ano de trabalho nesta ação): visite tudo o que exista em Portugal, naqueles países onde conseguir visitar, pesquise tudo o que puder sobre este assunto, etc. Estagie nas explorações que o aceitarem para ganhar experiência nos pormenores da atividade, aqueles que não estão nos livros e na internet. Faça um plano de negócios rigoroso e tome a decisão de investir com o conhecimento que domina "os ossos de ofício da hidroponia".

3 - O sucesso nesta atividade será fácil ou díficil de conseguir conforme tenha feito o descrito no ponto 2. com maior ou menor rigor.

4 -  Parece-me melhor negócio a cultura em hidroponia dos pequenos frutos, incluindo o morango face á cultura da alface (a horticultura encontra-se em crise porque a procura desceu devido às produções nas hortas caseiras).

5 - A Espaço Visual está através dos estágios que organiza a criar competências para os jovens agricultores terem maior sucesso nos seus investimentos. A sua maior atividade é consultoria, damos conselhos sobre as melhores estratégias para realizar os sonhos dos potenciais empresários e estes têm que fazer o seu caminho, trabalhando e ganhando experiência por conta própria até terem sucesso.

Faço votos para que este post o possa ajudar. Bom trabalho!

"Anónimo disse...
Boa noite Sr. Eng. José Martino.
Gostaria de o felicitar pelo excelente trabalho que tem desenvolvido na divulgação e defesa deste nosso grande património que é a terra e o que ela nos dá. O meu nome é Pedro Teixeira e há alguns meses que tenho vindo a acompanhar com satisfação o seu Blogue e os textos lúcidos e directos que aqui expõe. Sendo um apreciador da forma como aborda estes assuntos e vendo em si alguém com experiência e conhecimento nesta matéria, não querendo ser muito maçador, pedia-lhe que desse, se possível, a sua opinião e ajuda no seguinte:
Desde sempre que sou um curioso pela agricultura e sempre tentei cumprir o meu papel individual na defesa dos nossos recursos naturais. Há uns anos atrás, quando pensava que rumo dar à minha formação académica, fiquei indeciso entre duas paixões que mantinha, tão diferentes mas tão cativantes para mim: a Engenharia Agrónoma e a Arquitectura. Infelizmente escolhi a arquitectura e neste momento estou a terminar o curso sem ilusões de este me vir um dia a ser útil, uma vez que a crise nos trouxe a incerteza e o desemprego. Como nunca gostei de estar parado e sempre tive espírito empreendedor, vejo agora abrir-se uma janela de oportunidades nesta área que eu gostaria de agarrar. Não tendo experiência na produção agrícola, por diversas vezes pensei se seria adequado alimentar estes sonhos ou, se antes disso, seria melhor "pôr os pés assentes na terra" e começar por apostar numa formação superior nesta área. Se for exequível um investimento destes sem uma prévia formação superior exponho aqui de seguida as minhas ideias na esperança que me elucide e encaminhe antes de dar algum passo.
Há uns anos atrás eu assisti a um documentário acerca de produção de alface hidroponica e fiquei fascinado com o método exibido. A partir daí comecei a pesquisar sobre essa matéria e fui absorvendo informação. Contudo, não sei se aqui em Portugal alguém utiliza esse método de produção pois o que tenho visto é hidroponia feita em tubos de PVC e aquele era feito em grandes plataformas flutuantes. Desconheço também em que país aquilo era gravado mas julgo ter sido feito numa das maiores empresas de produção de alface, dadas as dimensões das estufas e estruturas que se podiam ver. Sei que isso é uma utopia, mas de acordo com a minha realidade seria possível com os apoios que existem constituir uma empresa que tivesse alguma possibilidade de sucesso? Que investimento teria que fazer e que área de terreno iria necessitar para a produção de alface hidroponica ter boas perspectivas de rendimentos? Sei que isto paira tudo no campo da suposição mas de qualquer forma se me puder apenas dizer se seria viável ou não eu agradecia-lhe imenso. Nos últimos tempos tenho-me interessado bastante no tema dos pequenos frutos, principalmente no morango hidroponico (como não podia deixar de ser) e pergunto-lhe se seria uma melhor opção à alface. E nestes, que área seria aconselhada para uma produção equilibrada que desse um rendimento para eu sobreviver e a empresa crescer? A meta seria fazer uma produção moderna, de qualidade e com a exportação no horizonte. A minha zona de residência é no Porto e julgo que o Norte não é o local do país mais propício a este tipo de cultura ou então estou enganado e também é possivel fazer isso por cá com qualidade. No entanto, sempre foi minha ambição um dia poder viver no campo, portanto não seria um impedimento eu deslocar-me para outra zona do país, visto também que se isto não for possível, provavelmente o meu futuro será emigrar como tantos jovens do nosso país. Não sei se tudo isto é ingenuidade minha ou se poderei mesmo pensar num projecto destes. Eu tenho pensado em dirigir-me à Espaço Visual para tirar todos os esclarecimentos que necessito, bem como tomar conhecimento de todos os processos necessários para avançar com este desafio mas antes disso decidi questionar-lhe sobre este assunto apenas para ficar com uma ideia se este é um caminho ou não.
Agradeço-lhe toda a disponibilidade por ler este texto que já vai extenso e toda a ajuda que me possa prestar 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

PODA INVERNO KIWI

Enxertia em actinidia (planta do kiwi)

VALORES DE ARRENDAMENTO PARA UMA EXPLORAÇÃO NA REGIÃO DE SANTARÉM