O que me leva a dar a cara para que a agricultura portuguesa se modernize

Em 9 de agosto de 2009 escrevi neste blogue o post seguinte que aqui reproduzo porque ainda se mantém atual na maioria dose seus pontos e que vale a pena recordar:
Escolhi o curso de Agronomia por vontade própria, contra a vontade da família, a qual pretendia que fosse médico (à época tinha notas para entrar em medicina) porque era a licenciatura que realiza a minha vocação. Temos um prazo de vida limitado e para mim, entendo que tenho uma missão a cumprir: fazer com que o mundo que deixar aos meus filhos seja melhor que aquele que os meus pais me deixaram.

Esta missão, “tipo catecismo” divide-se em áreas práticas, no denominado “como se faz”:
1- Ser um pai de família exemplar. Fazer o que seja necessário, diariamente, para que a minha mulher e os meus dois filhos, tenham tudo para serem felizes, mesmo que para tal tenha de fazer sacrifícios e “engolir o meu egoísmo”. A felicidade constrói-se trabalhando todos os dias, lutando para que aconteça, aceitando a realidade quando nem tudo corre como desejamos, mostrando o N/ contentamento mesmo que interiormente não tenhamos razões para tal, etc.

2 - Ser um profissional de referência. Penso que o consegui, quer como técnico de kiwis, quer como consultor em compostagem, quer como projectista, quer como dinamizador de processos de desenvolvimento rural, quer como dirigente associativo, etc.

3 -Construir empresas rentáveis onde os colaboradores se possam realizar, possam emitir opiniões diferentes da direcção, sem que tal situação lhes crie anti-corpos ou “perseguições”. Pretendo que sejam entidades que me pudessem realizar, caso fosse seu trabalhador. Quero ser líder pelo exemplo e competência, não pela posição/função que ocupo ou poder que detenho.

4 - Não aceitar que Portugal seja um país subdesenvolvido, sobretudo ao nível da agricultura. Para tal, tenho dedicado esforço e trabalho a ajudar a instalar jovens agricultores/agricultores, a montar-lhes as estratégias para que possam desenvolver as suas actividades com dimensão e sustentabilidade económica, estive na fundação e faço parte dos Órgãos Sociais da APK – Associação Portuguesa de Kiwicultores e da Associação dos Floricultores de Portugal, participei nas equipas técnicas que implementaram o Programa de Reconversão de Vinha em Castelo de Paiva e Guimarães e na Implantação de 130 hectares de kiwis na Região da Bairrada, etc. Cometi erros, participei em processos que não tiveram sucesso, mas nunca abdiquei de lutar, de promover novos projectos, tentando todos os dias fazer melhor que no dia anterior e sobretudo, aprender com os erros do passado.

5 – Cultivar ao longo dos anos uma atitude de “low profile”. Não era importante a minha pessoa, mas eram muito importantes os resultados dos trabalhos que desenvolvemos. Com esta atitude percebi, no ano passado, que a minha capacidade de influenciar os processos no sentido do “bem público”, da responsabilidade e liderança políticas, eram diminutas. Mudei de estratégia, para tal assumi fazer um blogue pessoal. Este processo teve um enorme custo, pois passei mais de um ano num processo interno muito duro, tive de me violentar e assumir o sacrifício pessoal de combater a rotina e assumir o hábito diário de passar a escrito as ideias que tenho ou que sumariamente me são dadas por outros. Consegui vencer. Há alguns meses que consegui dar vida a este blogue.


Pode este post parecer ingénuo, mas espelha quem sou, o que sinto e o que me leva, nesta altura, a dar a cara e a travar um combate político pelo desaparecimento da irresponsabilidade na gestão da agricultura portuguesa. É meu objectivo de vida deixar aos meus filhos um exemplo do qual se possam orgulhar. Assim Deus me ajude!

Pontos a reter:
1. Dez anos passaram e este blogue ainda continua ativo ao serviço das agriculturas de Portugal e do respectivo interesse público. Irei trabalhar nos próximos anos para o tornar como um meio ainda mais efetivo e eficaz da mudança.

2. Deixem os V/ comentários sobre blogue e terei enorme prazer em recebê-los.

3. Hoje tenho mais certezas sobre os caminhos que as agriculturas de Portugal deveriam percorrer para terem mais e melhor sucesso:
- Empresários agrícolas e agro-industriais mais competentes, rigorosos e disciplinados, por ação da formação profissional;
- Administração pública que cumpre os prazos legais dos processos burocráticos que tem de tramitar;
-  Auditoria a cada um dos organismos que constituem e são tutelados pelo Ministério da Agricultura com avaliação de objetivos, meios, resultados, interesse público e constituição de uma lista graduada do interesse público, encerrando serviços, concentrando os meios humanos e financeiros noutros organismos de forma a que tenham os meios necessários e suficientes para prestarem um excelente serviço aos cidadãos
- Concentrar os meios de apoio ao investimento na instalação maciça de jovens agricultores e nas regiões ultra deprimidas da região interior de Portugal/regiões de muito baixa densidade. Retirar a elegibilidade das máquinas e equipamento dos apoios aos investimento, deixando o mercado funcionar por si sem dinheiro público, tirando partido dos leasings e rentings, privilegiar apoios aos melhoramentos fundiários, infraestruturas, plantações, animais, etc.  

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