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A mostrar mensagens de setembro, 2017

Na agricultura não é fácil produzir

Não me revejo na frase "fácil é produzir, difícil é comercializar". É difícil produzir, quando se quer ter qualidade, o perfil do produto que o mercado quer trocar por euros e ao mesmo tempo obter a produtividade (produção por unidade de superfície ou por animal) mínima para gerar rentabilidade para fazer face aos encargos reais e atribuídos. Isso obriga a investir em equipas, conhecimento e experiência. Contratar chefe de exploração ou operadores especializados competentes, visitar explorações de referência, em Portugal e no estrangeiro, procurar introduzir valor acrescentado às produções, obter apoio técnico e de gestão com grande qualificação. Só assim se conseguirá dimensão, economias de escala, e um produto uniforme (os produtores de um dado produto têm de produzir com processos idênticos). Os empresários agrícolas, jovens ou mais velhos têm de assumir que a agricultura não é um "hobby", é uma actividade e um negócio muito sério e um desafio muito grande d

Parabéns BFRUIT

Celebra-se no dia de hoje o 4.º aniversário da assinatura da escritura pública de formação da Bfruit - Comércio Internacional S.A (30 setembro de 2013). É uma data memorável que pretendo aqui registar por se tratar de uma Organização exemplar dentro da pequena agricultura, sobretudo familiar, no que diz respeito a produção homogénea e no acesso ao mercado internacional de pequenas produções por exploração agrícola (regista-se que a faturação prevista para este ano de 2017 é superior a 7 milhões de euros, 95% do valor em exportações). Esta empresa foi constituída com o objetivo de comercializar, sobretudo exportar, as produções dos seus accionistas produtores de pequenos frutos e kiwis, tornando-se dentro do prazo temporal mais curto uma Organização de Produtores reconhecida pela União Europeia e pelo Estado Português. O lançamento do negócio foi muito exigente no que diz respeito a encontrar clientes, montar a logística para apresentar qualidade homogénea de produto, controlar a

Suínos Bísaros

Boa noite Sou jovem agricultora, tenho um projecto de Porcos Bisaros, mas na realidade o projecto não desenvolveu, como consequente não dá rendimentos. Inicialmente seria apenas para o meu tomar conta da exploração, coisa que não aconteceu, e neste momento quero ser eu a gerir todo o projecto, mas não sei os métodos com que o fazer. Daí o intuito deste pedido, seria para que o Eng.º José Martino se me poderia ajudar de alguma maneira. Desde já agradeço qualquer atenção prestada Comentários: 1 - A atividade animal é mais exigente em formação, conhecimento, trabalho, face à atividade vegetal. É preciso tratar e acompanhar os animais 365 dias por ano, sendo a mesma exigência pouco frequente no que diz respeito às plantas. 2. No seu caso concreto para ganhar experiência faça um estágio numa exploração de suínos bísaros. 3. Se precisar de ajuda concreta para implementar o indicado em 2 fale com a Eng. Sónia Moreira da Espaço Visual  (917 075 852).

Regras para definir valores de renda de terrenos agrícolas

Boa tarde Engº José Martino, Tentei publicar no seu blog mas não consegui. Sou engª agrónoma e pretendo arrendar 5 ha de vinha (plantada este ano) na região de évora, e 60 ha de cultura arvense de sequeiro, também em Évora, solos B. Existem valores tabelados (máximos ou mínimos) de renda? Se não que intervalo de valores deverei considerar? Obrigada Comentários: 1. Os valores das rendas são livres e negociados entre as partes, proprietário e arrendatário. 2. Na minha opinião, os valores das rendas devem  ter em conta por uma lado, se necessários, os valores de investimento a realizar em melhoramentos fundiários e infraestruturas (o valor da renda desce à medida que sobem estes valores de investimento) e por outro lado, o rendimento liquido das atividades que podem colocar no terreno (a renda varia entre 5% a 15%). 3. A minha experiência de alguns milhares de casos que conheço, sobretudo ter assistido ao passar dos anos desde a assinatura dos contratos de arrendam

Mirtilos

Boa noite Sr Eng. Após a implantação da planta de mirtilo em outubro a dezembro, pergunto se devo de começar de imediato a adubar a planta, pela fertirrega, ou estará a planta em dormência e sendo assim não será necessária a adubação. Obrigado Comentários: 1.        As adubações através da fertirrega devem começar na primavera quando haja necessidade de regar devido ao solo se encontrar seco. 2.        No período de dormência das plantas de mirtilo no inverno não devem ser realizadas adubações que contrariem a paragem da atividade fisiológica das plantas.

Pistácio

Boa tarde Eng. José Martino O meu nome é ... sou natural de... Tive conhecimento há poucos meses da dinamização da cultura do pistachio, o que me suscitou bastante interesse. Gostaria de a curto prazo iniciar um projecto agrícola, e pelo que tenho pesquisado, a cultura de pistachio, por ser algo novo e com muito potencial de mercado, talvez seja algo em que me revejo a fazer num futuro a médio/longo prazo. Tenho procurado bastante por terras na minha zona de residência, mas os valores são absurdos, o que inviabiliza desde logo qualquer possível investimento. A minha dúvida relativamente à cultura do pistachio, prende-se com o seguinte. Seria possível investir nesta área sem ter de momento disponibilidade diária, dando como exemplo a possível aquisição de uma propriedade fora da minha zona de residência? Zonas onde as propriedades têm valores mais acessíveis, que coincidem com as melhores zonas para a produção do pistachio. Trabalho numa unidade fabril, por turnos,

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal

Merece reflexão este post que publiquei em 2010: O embaixador britânico em Portugal, Alex Ellis, antes de deixar o posto, publica no jornal Expresso do Sábado 18 de Dezembro de 2010, um artigo com o titulo deste post. Não resisti a escrever sobre o assunto porque me identifico com o descrito: começa por recorrer a "Os Maias" de Eça de Queiróz, o livro que mais admiro, para descrever a atitude dos portugueses sobre o nosso próprio país e de seguida enumera "dez coisas" boas que Portugal possui e que "espera", espero que nunca mudem em Portugal. A n.º 8 é a mais fantástica, vou descrevê-la: "Mulheres. O Adido de Defesa da Embaixada há 15 anos deu-me um conselho:"Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher".Concordei tanto que me casei com uma portuguesa". Se tenho algum sucesso na minha vida deve-se à minha mulher, irmãs, cunhadas e às minhas colaboradoras na Espaço Visual, na LIPOR, APK

Artigo Publicado no Jornal de Negócios 2017.09.05

A defesa da floresta nos programas autárquicos José Martino Consultor e empresário agrícola A um mês das eleições autárquicas, aguardo com expectativa e curiosidade ver quais os candidatos que colocam nos seus programas medidas de prevenção e combate aos fogos florestais. E esta minha curiosidade não se esgota nos concelhos onde os fogos foram mais mediatizados e intensos este Verão, a começar pela tragédia de Pedrogão Grande, passando por diversos concelhos do Norte, Centro e Sul do país. Como está à vista de todos, este não é um problema de um concelho ou de uma região. É um problema nacional, porque todos estão sob a ameaça de poderem ser confrontados com um fogo florestal de proporções mais ou menos dramáticas. Isso acontece porque Portugal negligencia há décadas a defesa da florestal. Os fogos florestais não são uma inevitabilidade todos os Verões. É preciso, por isso, elaborar um plano estratégico para a floresta em cada concelho do nosso país. Lanço agora es

Visita de estudo a explorações agrícolas do Baixo Tâmega

Será no próximo dia 26 de setembro, que irá acontecer uma nova sessão de trabalho, em que será realizada uma Visita de Estudo a quatro explorações hortícolas e frutícolas do Baixo Tâmega. Inscrição gratuita, participe! Inscreva-se aqui:  https://goo.gl/forms/ IkHlHBkVN2mKHqQ13 Ver programa em: https://www.facebook.com/foodclusterevolution/photos/a.728192844013155.1073741828.727579207407852/863300983835673/?type=3&theater Irei animar e coordenar esta ação pirmeiro entre produtores do Baixo Tâmega (visitas a explorações agrícolas de hortícolas, cogumelos, mirtilos, kiwis arguta) e em segundo lugar a todos aqueles que se queiram juntar nesta jornada de animação de campo, mesmo que não sejam da região até se completar a lotação do autocarro. Este evento serve para conhecer empresários de cada uma das atividades indicadas, oportunidade para os empresários do agroalimentar do Baixo Tâmega se conhecerem e por último, criar confiança para melhorar as formas de cooperação entre par

Cronica de Radio

Ha uns meses atras desenvolvi uma cronica semanal para a radio RCI de Viseu a convite do jornalista meu amigo Jose Luis Araujo. Publico aqui o texto de uma dessas cronicas. Apesar do tema nao ser agricola tambem se aplica aos players do mundo rural e agricultura. Revolução cultural em Portugal Retomo a linha de pensamento que venho abordando neste espaço de crónica radiofónica semanal, a qual foi interrompida na última semana para focar tema dos incêndios florestais, tema este que infelizmente se colocou no topo da atualidade, faço-o retomando a questão que vos deixei para reflexão há duas semanas atrás: O que mudaria nos indivíduos e na sociedade de Portugal se cada um de nós cidadãos assumisse transformar-se através do incremento e subida do nosso nível cultural?  Na perspetiva da pergunta, a principal característica da cultura é uma atitude e esforço de interpretação pessoal e coerente da realidade familiar e da sociedade, elevando o individuo o respetivo conhecimento, argum

Agricultura de Precisão - Dicas sobre agricultura www.espaco-visual.pt

A agricultura de precisão insere-se no âmbito mais lato dentro da agricultura digital, esta está e irá revolucionar o modo de fazer agricultura fazendo que sejam geridos os múltiplos e complexos pormenores seja na atividade vegetal, seja na atividade animal.   É importante rever a base técnica: O conceito de  agricultura de precisão  está normalmente associado à recolha de dados e ao seu tratamento, como qualquer empresa, tendo em conta a forma como se faz agricultura, a sua especificidade ou seja, tendo em conta o espaço e o tempo.  Tira partido das  tecnologias de informação e comunicação na agricultura  para  recolher, dados, avaliá-los, e monitorizá-los, ponto a ponto de  determinada parcela de terreno e pode ser feito, apreciado e acompanhado ao longo dos dias, meses anos.  A  agricultura de precisão  incide sobre a gestão dos fatores de produção, como por exemplo, sementes, fertilizantes, fitofármacos, água, etc. tendo em conta as condições de cultura,...

José Martino: 31 anos de trabalho agronómico

Revisito o texto que escrevi há 1 ano atrás sobre o mesmo tema (comemorei 31 anos de trabalho no passado dia 1 setembro): Sinto missão cumprida ao fim de 30 anos de trabalho agronómico em prol das agriculturas de Portugal, kiwi, pequenos frutos, frutos secos, empreendedorismo de sucesso e dos negócios da agricultura  Estou empenhado em fazer da agricultura um excelente negócio para os que estão na atividade e para todos aqueles que a ela se querem dedicar. A minha visão, experiência, conhecimento, abertura à inovação, permitem-me elencar as estratégias que se podem  promover e que podem levar à criação de riqueza, emprego, valor acrescentado. Portugal tem condições que lhe permitem chegar a país desenvolvido ao fim de uma década porque possui cidadãos competentes, formados e capacitados, capital disponível, fatores de produção disponíveis e baratos, tecnologia, fatores estes que nunca foram tão favoráveis em nenhum período temporal ao longo dos muitos séculos da noss

Artigo Semanário "Vida Economica" 2017.09.01

Parados no tempo* O tempo de férias é um tempo que aproveito para fazer uma revisitação daquilo que escrevi no passado. Espanto-me por, a maior parte das vezes, constatar que parece que foi escrito ontem, tal a sensação que nada mudou. Portugal é um país fantástico mas ao mesmo tempo estranho. Descobri uma reportagem escrita há mais de 7 anos, em 22 de agosto de 2010 pelo famoso jornalista Adelino Gomes e publicada no jornal PÚBLICO. Nela se falava de uma petição online que fez caminho e levou o BE a elaborar um projeto de lei que levou ao Parlamento. O tema era o ... Banco de Terras. Com a devida vénia, transcrevo partes dessa reportagem, que continua atual. "Com um emprego que muitos invejariam numa multinacional, Sílvio Matos, nome fictício, não é agricultor. Ainda. E ainda não é porque, um ano de tentativas depois, ainda não encontrou quem lhe arrende por dez anos uns hectares de terra onde se possa lançar num projecto agrícola voltado para a exportação. Na

Se os factos não encaixam na teoria, muda a agricultura!

Ás vezes vale a pena revisitar o passado como acontece neste artigo que escrevi em abril de 2012 para a revista AGROTEC, muitas das ideias ainda se mantém actuais e com interesse do ponto de vista político:  Assisti ao longo dos últimos anos a variados debates televisivos sobre o desenvolvimento da economia portuguesa, das suas agriculturas e da região interior do país e a ideia que trespassa para a opinião pública é que não há ideias eficazes sobre as estratégias a implementar para, numa legislatura, colocar a economia portuguesa a crescer de forma duradoura. É comum culpabilizarem-se as causas estruturais que explicam o fenómeno, como handicap que remete o início das soluções para a geração seguinte ou no caso de problemas mais complexos para as mudanças de mentalidade a realizar no ensino básico. É comummente aceite que o sucesso levará dezenas de anos a implementar e como tal, os contemporâneos têm argumentos e alibis para não assumirem, no momento presente, os riscos d