REVISTA DE IMPRENSA

NOVOS PAÍSES CONSUMIDORES DE AZEITE REPRESENTAM METADE DAS IMPORTAÇÕES
Consome-se cada vez mais e melhor azeite no mundo. Em termos relativos, nenhum país chegou ainda aos calcanhares da Grécia, onde cada habitante consome, em média, mais de 25 quilos de azeite por ano, mas a verdade é que países que há alguns anos tinham consumos residuais passaram a importar cerca de metade das mais de 630 mil toneladas que todos os anos atravessam as fronteiras dos Estados produtores. É o caso dos EUA, que, na média das três últimas campanhas, compraram 30,8 por cento de todas as importações. E é na América, como nos restantes mercados de sociedades desenvolvidas, que o azeite virgem extra ganha posição, conseguindo já igualar, em quantidade vendida, os azeites com acidez superior a 3,3 graus, desde sempre os mais comercalizados.
Os dados parecem demonstrar que as sucessivas campanhas de divulgação das qualidades do azeite surtiram efeito. Segundo o Conselho Oleícola Internacional, entre 1990 e 2006 o consumo mundial de azeite aumentou, em média, 3,59 por ano. E a expectativa é que tal continue a acontecer. Muito por força dos países que há muito o não dispensam à mesa, como a Itália, a Espanha, a Grécia a Turquia ou a Síria - ou não fosse a bacia do mediterrâneo o campo de cultivo para 95 por cento das 820 milhões de oliveiras contabilizadas no planeta - mas cada vez mais também pelo interesse demonstrado por consumidores de outros mercados, como os EUA, cujos habitantes quintuplicaram em 16 anos a quantidade de azeite comprado, levando o país ao segundo lugar, depois da UE.
E Portugal? Com forte tradição na olivicultura, o quarto país produtor da Europa assistiu desde a década de 60 ao abandono e arranque de olival, com quebras fortíssimas na produção (de 90 mil toneladas nos anos 50 para médias a rondar as 35 mil nos últimos anos). Este movimento transformou a indústria de um país excedentário num importador líquido de 40 por cento das necessidades. A produção tem, no entanto, aumentado nos últimos anos, numa pressão dos dois lados. É que não só os portugueses voltaram a consumir mais azeite (de 3,3 kg/habitante na década de 90, para quase 7 quilos, na actualidade, ainda assim abaixo dos 10,5 quilos dos anos 60), como se tem acentuado a vocação exportadora nacional. O Brasil continua a ser o principal mercado. Foi para lá que foram 70 por cento das 19 mil toneladas exportadas no ano passado. Mas, como assinala a equipa da Espaço Visual, os "mercados que mais valor acrescentado atribuem ao azeite português são especialmente os países nórdicos, o Canadá, os EUA e o Japão". Ou seja, países com poder de compra e consumidores capazes de pagar por produtos altamente diferenciados, como os azeites virgens extra e, dentro destes, os de produção biológica ou os monovarietais que a APPIM pretende vender. A AAPIM vai investir na elaboração de azeites extra-virgens monovarietais da cultivar galega, tradicional no nosso país e na Beira Interior, apesar de ter perdido terreno nos últimos anos, pela sua menor produtividade. "Todos os países associam Portugal a esta variedade, a qual possui características que tornam o seu azeite distinto e inconfundível, fino, de alta qualidade, com elevada estabilidade, abundante e frutado, um atributo médio de folhas verdes e uma sensação quase imperceptível de amargo", assinalam os consultores da Espaço Visual.
[FONTE: Abel Coentrão, "Público", 17-02-2008]

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