Rentabilidade económica rápida nos investimentos da agricultura?
Boa noite Sr. Engenheiro!
Peço
desculpa de o estar a incomodar, mas regularmente visito o seu blog e vejo que
o sr. é um mestre em agricultura.
Sr.
Engenheiro, sou um jovem empresário no ramo de publicidade e lavandarias, mas
neste momento aluguei uma pequena quinta por um período de 7 anos renováveis
pelo mesmo período se ambas as partes concordarem, toda murada em volta, dentro da minha cidade.
A
quinta tem uma área total de 4 hectares sendo 1,5 de laranjal, é rica em água,
e a minha ideia inicial era fazer nos restantes hectares plantação de ervas
aromáticas, mas ja fiz várias visitas a outras plantações e a ideia que fiquei
é que mesmo com uma candidatura teria que recorrer ao banco e só teria o
investimento pago ao fim dos primeiros 5-6 anos por isso desisti da ideia. Será
que existe outro tipo de culturas para estes tipos de quintas que se possa
rentabilizar o investimento mais rápido.
Agradecia
a sua preciosa ajuda.
Obrigado
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1
- Não se pode ser empreendedor sem dinheiro. As fontes de financiamento do
negócio devem ser por ordem de prioridade: capital próprio, fundos da família
ou amigos, em complementaridade crédito bancário, business angels (empresários
que são sócios da empresa, participam no capital, ajudam na definição e implementação
da estratégia empresarial, facilitam o acesso ao crédito. A participação depende
muito do potencial do jovem para a gestão operacional do negócio e da sua
respetiva rentabilidade intrínseca), angariação de fundos através de campanhas
de crowdfunding (financiamento colaborativo, é uma forma simples e transparente
de angariação de fundos para um projeto através de uma comunidade online que
partilha os mesmos interesses).
2- O paybck do investimento (recuperação do capital
investido) de 5-6 anos, para negócios da agricultura, é um prazo aceitável e relativamente
curto. Prazos mais curtos exigem investimentos muito intensivos em capital,
maior risco rutura da atividade por desvio financeiro, pelo exige como
contrapartida para minimizar o risco, o conhecimento rigoroso do “como fazer os
pormenores de gestão operacional, logística e técnica” (sistema de gestão já
testado nessa atividade, bem como ter na empresa quadros de topo e intermédios
com esse mesmo desiderato ou seja, transferidos de outra empresa que tinha a
mesma ocupação cultural). Atividades que recomendo: hortícolas em hidroponia, floricultura, etc.
3 – Deve negociar com o banco uma operação de crédito a
7 anos, com 2 anos de carência (só paga juros) e cinco de amortização em linha
com o período produtivo (contratualmente preveja que possa fazer amortizações antecipadas
sem penalizações, é uma salvaguarda para o caso de conseguir implementar as plantas
aromáticas sem derrapagens, nem imprevistos).
4 – Na minha opinião o que está desajustado é o prazo
do contrato de arrendamento que deveria ser pelo prazo temporal mínimo de 15
anos, sendo o ideal de 25 a 30 anos. Este prazo justifica-se porque a secagem e
armazenamento das plantas aromáticas é um investimento caro, perdura ao longo
de muitos anos, possuindo um peso significativo na distribuição dos diversos
investimentos para desenvolver esta atividade.
5 – Não fugindo à questão colocada, teoricamente, no
seu caso, deve optar pelas culturas hortícolas, atividades que duram alguns meses
desde a sementeira/plantação à colheita, tem baixos custos de manutenção, tem o
seu maior encargo na mão de obra, a qual, pode baixar se o trabalho for realizado
por si e pela família. Na prática, o seu sucesso irá depender da sua capacidade
para gerar escoamento e/ou mercado, seja pela integração em organizações de
produtores, seja pela produção de uma gama de produtos para cabazes e venda aos
habitantes da cidade próxima. Por outro lado, deve tirar partido do 1,5 hectares
de laranjal já existente, melhore a qualidade das produções, certifique-as mo
modo de produção biológico, e tente incrementar o seu valor pela venda o mais diretamente
possível ao consumidor, seja para consumo fresco, seja para sumo.
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