Agricultura: Negócio e Práticas Gestão Empresarial
Caro Eng.
Martino, bom dia,
Li alguns
posts deste blogue com muita atenção e verifico que desde 2008 apoia de forma
direta os agricultores, com maior incidência nos jovens agricultores, incluindo
os proprietários e todos aqueles que têm sonhos ligados à agricultura.
Apliquei os seus conselhos: verifiquei se tenho vocação para ser empreendedor
agrícola, estudei pela internet, realizei visitas de estudo, frequentei ações
de formação profissional, nas atividades agrícolas em que tinha maior interesse
pessoal e escolhi aquela que melhor se adequa à minha pessoa, ao meu perfil de empreendedor,
respeitando o acesso ao mercado e o valor acrescentado das produções.
Este
trabalho durou dois anos porque tive de encontrar terra para me instalar. Foi difícil
e duro, mas consegui. Sinto-me realizado.
Dou-lhe os parabéns
pelo serviço público que presta neste blogue, agromeetings e visitas de estudo,
porque os conselhos que dá gratuitamente são verdadeiros, precisos e importantes
para se ter sucesso na agricultura.
Pergunto: sente
o mesmo que eu, a maioria das pessoas não quer percorrer os caminhos que
defende, pelo contrário, buscam soluções fáceis, quem lhes elabore os processos,
lhes tomem as decisões e assim sendo, não dominam os pormenores e quando as coisas
correm menos bem procuram encontrar outros culpados que não sejam em primeira linha, eles próprios?
Muitas vezes,
senti na pele ao longo do processo, por parte dos meus colegas, que me viam
como uma pessoa que complicava as ações, queria saber todos os pormenores,
tinha mais duvidas que certezas.
Agradeço a
resposta à minha questão.
Abraço
Comentários:
1. Empreender e trabalhar nas
agriculturas de Portugal é duro e difícil de se obter sucesso porque as
condições de produção e valorização das produções não são propícias à criação
de valor acrescentado pelo marcado, valor este que pague forma folgada os
fatores de produção (capital e trabalho, já deixo de fora a amortização da terra).
2. As condições médias de solos e climas
de Portugal não são de forma natural favoráveis a baixos custos de produção. Por
outro lado, os combustíveis, energia e comunicações, são mais caros que nos
países produtores que concorrem connosco, quer no nosso mercado interno, quer
nos mercados para onde exportamos.
3. Para se poder ser competitivo no contexto
indicado em 2., é determinante ter competências de gestão e profissionais para
planear, dominar e aplicar as tecnologias de produção agrícolas que promovem
altas produtividades, qualidade das produções e sustentabilidade ambiental.
4. Tendo por base o escrito nos 3 pontos
acima, só é possível entrar na agricultura ou fazer uma forte/profunda reconversão
de uma exploração agrícola, obtendo sucesso, se for respeitada e cumprida a metodologia
que defendo aplico: o próprio empreendedor dominar as bases, os pormenores, do
seu plano estratégico de negócios/projeto/candidatura, tendo por base a decisão
de ser empresário agrícola após avaliação da respetiva vocação, domino dos pormenores
operacionais da atividade seja através de estudo, realização de visitas, frequência
de ações de formação profissional, contratação de consultores especializados,
etc.
5. Respondendo diretamente à sua
questão: na minha opinião e experiência, pelo menos 60% dos promotores querem e
buscam soluções fáceis, chave na mão para a gestão, têm muitas dificuldades em
perceberem o contexto, os pormenores que fazem a diferença para o positivo e
negativo, não veem, não assumem, não praticam, a agricultura como se fosse
sempre uma atividade empresarial principal, rigorosa na gestão dos pormenores,
na importância da oportunidade da respetiva execução.
6. Não é corrente que o promotor seja
muito exigente na busca do conhecimento dos pormenores e ainda menos comum, a
sua aplicação no campo em tempo útil.
7. É preciso comunicar melhor os bons
exemplos que felizmente existem e à medida que o tempo passa, são em maior número,
os quais, credibilizam outra visão e práticas de sucesso nas agriculturas de
Portugal.
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