Crise Económica e Agricultura

 Eng. José Martino, bom dia,

O que está a acontecer na agricultura decorrente da pandemia e da guerra na Ucrânia?

Agradeço a sua resposta porque tenho muitas dúvidas sobre o meu futuro como agricultora?

Obrigado

Cumprimentos,

 

Comentários:

1.      A Europa em geral e Portugal em particular desenvolveram as suas agriculturas no pós crise financeira de 2008-2013 tirando partido da otimização das cadeias de abastecimento globais dos fatores de produção, junto com o incremento da produtividade para obterem alimentos baratos, desta forma contribuíram para que o custo de alimentação de uma família, em média pudesse variar entre os 15% a 20%, variação inversa face ao rendimento familiar mensal.

2.      Com a pandemia alterou-se a procura e consequentemente, interromperam-se as cadeias globais de abastecimento dos fatores de produção para a agricultura, traduzidas em ruturas de stock e aumento de preços.

3.      A guerra na Ucrânia trouxe forte subida dos preços dos combustíveis e da eletricidade, assim como, cereais para alimentação animal e adubos.

4.      Tendo por base os efeitos do descrito nos 3 itens acima tudo se conjuga para que a inflação que se faz sentir atualmente perdure no tempo.

5.      Como os agricultores tinham margens brutas muito baixas, tinham rentabilidade pelos elevados níveis de produtividade das respetivas produções.

6.      Nesta altura, os agricultores para manterem alguma rentabilidade têm que obter preços mais elevados nas valorizações das produções. Isto nem sempre é possível porque as suas Organizações de Produtores estão presas a contratos de comercialização junto de distribuição organizada, os quais, obrigam a manter no tempo os preços da transação.

7.      Moral da história, o preço da comida barata terminou. Os consumidores irão ter de pagar mais pelos alimentos, irão alterar os respetivos hábitos, irão procurar dentro do cabaz dos produtos agrícolas aqueles que, apesar do encarecimento, serão os mais baratos.

8.      O agricultor terá de ponderar muito bem, face aos custos de produção e preços de mercado, se avança com as culturas anuais ou para temporariamente ou se muda para culturas que possam pelo seu preço vir a ser nova orientação dos consumidores.

9.      Para os agricultores com culturas ou atividades permanentes, a opção passa por fazer economia de guerra, analisar fator de produção a fator de produção, a sua necessidade, o seu nível de aplicação, o seu custo e a partir daqui implementar a estratégia, não comprometendo a base onde assenta a produção, tentar não ter perdas financeiras ou se tal acontecer, minimiza-las.

Pela minha experiência de vida diz-me que em média, sempre que há um crise económica, há novos desafios e novas oportunidades para as agriculturas de Portugal, porque o ser humano não pode deixar de alimentar e há mercados externos que se abrem à qualidade dos produtos portugueses.

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