O capital de risco 2.0 e as “start ups”


Por: José Martino (engenheiro agrónomo)
josemartino.blogspot.pt

Não me canso de insistir na mesma tecla: a agricultura é uma atividade/negócio que requer muita dedicação e determinação. É por isso que defendo um elevado grau de rigor na atribuição das ajudas públicas ao investimento para a instalação dos jovens agricultores.
Os recursos não são infinitos. Não se pode dar tudo a todos. Os critérios de atribuição das ajudas públicas têm de obedecer a uma análise completa e exaustiva do perfil do jovem agricultor. Não apenas o seu perfil psicológico, que impõe uma avaliação sobre a sua verdadeira vocação, o seu verdadeiro empenhamento para “levar a carta a Garcia”, a sua capacidade de correr riscos, a sua motivação interior. Não quero que os responsáveis do PDR 2014-2020 virem psicólogos. Nada disso.
O que me custa a compreender é que se aceitem, se mais, todos e quais projetos, que, muitos deles, acabam por “morrer” ao virar da esquina. Se formos mais rigorosos, mais seletivos, mais pedagógicos, não só evitamos perder tempo e dinheiro, como não permitiremos que as legítimas ilusões deem lugar a devastadoras desilusões.
Tendo o jovem perfil e competências, devem os responsáveis do ministério da agricultura ter em atenção para que sejam proporcionados os capitais necessários ao investimento e exploração das empresas “start ups”. Recomendo, por isso, que os capitais de risco públicos lancem operações low cost para cada uma das atividades: mirtilo, kiwi, plantas aromáticas e medicinais ou outras; que haja um gestor que acompanhe a tempo inteiro 30/40/50 empresas, criando especialização na gestão e sendo, no fundo, uma espécie de tutor a tempo inteiro, representante da capital de risco, e dará assistência especializada à gestão, à organização, aos pormenores técnicos e organizativos que vai observando nas diferentes empresas.
Um dos ângulos que se deve privilegiar na análise de um projeto é garantir que tendo este condições para ser contratado não irá falhar pela sua componente financeira. Assim, defendo a obrigatoriedade de uma participação minoritária de uma capital de risco (20% - 49% de capital). Deste modo, os custos do gestor seriam mais baixos que nas operações usuais, porque repartidos por um grande número de empresas. Este é um dos pontos chave para o sucesso do negócio e do empresário.

artigo de opinião publicado no semanário "Vida Económica", em 28 de março de 2014

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