PEEPAC - CONTRIBUTO DADO PELO CIDADÃO JOSÉ MARTINO PARA A CONSULTA PÚBLICA DO DOCUMENTO DE DIAGNÓSTICO E LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES – 11 DEZEMBRO 2020
Plano Estratégico da PAC 2023-2027 | Consulta alargada |
CONTINENTE Identificação da Entidade: José Martino - DOCUMENTO DE CONTEXTO PARA
CONSULTA ALARGADA
Documento de consulta alargada da consulta do documento
referenciado em epígrafe levantam-se as seguintes questões que importa
responder:
1. Para assegurar estabilidade e
previsibilidade, o apoio ao rendimento continuará a ser uma parte essencial da
PAC. Parte disto, os pagamentos de base continuarão a ser baseados na dimensão
da exploração agrícola em hectares. Contudo, a futura PAC pretende dar
prioridade às pequenas e médias explorações agrícolas e encorajar os jovens
agricultores a ingressar na atividade agrícola.
Porque não alterar a base de atribuição do rendimento
base dos hectares para rendimento mínimo do posto de trabalho? Sendo a
atribuição do rendimento base por hectare defendo que devem existir diferenças
de pelo menos 50 vezes entre as explorações abaixo de 5 hectares e acima dos 50
hectares. O apoio aos jovens agricultores durante os 5 anos após a instalação
devem atribuir 1000€/mês (14 meses). Estas ajudas são pedidas e atribuídas na
mesma candidatura dos apoios ao investimento do 2.º pilar. O objetivo é no
final do QFP ter mais 50% em percentagem do número que a média de jovens
agricultores nos países da EU.
2. Um mínimo de 2% dos
pagamentos de apoio direto atribuídos a cada país da UE será reservado para
jovens agricultores, complementado por apoio financeiro no âmbito do
desenvolvimento rural e medidas que facilitem o acesso à terra e à
transferência de terras.
Na minha opinião o mínimo deveria ser 20% dos pagamentos diretos como forma de
dar um incentivo efetivo à 1.ª instalação dos jovens agricultores.
O apoio financeiro no âmbito do desenvolvimento rural deveria ser nas mesmas
modalidades do PDR2020, com orçamento total robusto (1000M€) para estar sempre
aberto durante a vigência temporal do QFP.
As medidas de facilitar o acesso à terra deve passar por uma linha de crédito
para compra de terra, duração de 30 anos, 7-12 anos de carência de amortizações
em função do ano de análise que rentabilize o investimento, garantia da
autoridade de gestão do QFP para os incumprimentos de crédito tal como acontece
com a linha FEI (defendo 500 M€ do QFP para alavancar 7500M€ de empréstimos).
3. Os países da UE têm de
assegurar que apenas os verdadeiros agricultores recebam apoio direto.
Quem são os verdadeiros agricultores?
Por oposição, o que são falsos agricultores? Estes últimos existem?
Qual a definição de agricultor, verdadeiro agricultor? O documento não
identifica. Este conceito na minha opinião devia estar ligado a quem está nos
territórios muito deprimidos economicamente, despovoados, dependentes da
agricultura como atividade económica a 50% ou mais, para esse
território (NUT III).
Deviam ser apoiados quem cria e mantém postos de trabalho durante os 7 anos do
QFP.
4. Proteção ambiental:
privilegiar os investimentos e ajudas ao rendimento para o modo de produção
biológico com o compromisso temporal mínimo a vigência do QFP.
5. Os agricultores estão no
centro das comunidades rurais da Europa, fornecendo bens públicos vitais.
Mapear os bens públicos vitais prestados pelos agricultores procedendo à sua
valorização financeira.
6. Apoiar as novas gerações de
agricultores a ingressar na atividade agrícola, através da tutoria de jovens
agricultores por agricultores mais experientes, melhorando a transferência de
conhecimentos de uma geração para a seguinte ou através do desenvolvimento de
planos de sucessão.
Promover um sistema de estágio de um ano do potencial jovem agricultor numa
exploração agrícola após a apresentação da sua candidatura de 1.ª instalação,
com acompanhamento de um técnico tutor (jovem remunerado com salário mínimo
nacional se cumprir mensalmente o plano de estágio). No final de 1 ano o jovem
tem de obter parecer favorável as estágio por parte do tutor e do chefe de
exploração, após o que prestará provas públicas sobre os seus conhecimentos na
atividade. Com a aprovação pode rever a candidatura e obter apoio financeiro
público ao investimento, crédito para compra de terra e fundo de maneio e
ajudas ao rendimento para os primeiros 5 anos de atividade.
7. Incentivar os países da UE a
fazer mais a nível nacional, por exemplo através de regras mais flexíveis em
matéria de tributação e sucessão, para melhorar o acesso dos jovens
agricultores à terra.
Em Portugal esta medida não faz sentido porque as
explorações têm pequena dimensão física e económica, pelo que os custos com
tributação e sucessão são extremamente baixos. É importante atribuir
aposentações aos agricultores que se reformem através deste pacote de ajudas e
criar uma linha de crédito bancário para aquisição de terras pelo Jovem
Agricultor conforme o descrito no ponto 2.
8. Estabelecer requisitos de
segurança alimentar e de qualidade mais rigorosos para os agricultores, dando
apoio financeiro apenas quando se cumpram as regras sobre a redução do uso de
pesticidas ou antibióticos, por exemplo.
Apoiar o modo de produção biológico e globalgap eliminando
as ajudas para a produção integrada (este é o mínimo olímpico que o agricultor
deve cumprir e como tal não faz sentido haver um prémio através das
ajudas ao rendimento.
9. Para efetivar um processo de
participação às partes interessadas o mais abrangente possível foi criada uma
página de internet específica sobre a temática da PAC pós 2020 2 . Esta página
inclui a documentação e informação necessária a um acompanhamento e escrutínio
público efetivo do processo de discussão da próxima Politica Agrícola Comum.
Nela poderão ser consultados algumas informações relevantes, designadamente: 1.
Reuniões do Conselho de Acompanhamento da Revisão da PAC; 2. Apresentação de
documentos de posição nacional; 3. Apresentações públicas em Conferências e
eventos; 4. Documentação de suporte.
Consultado o website indicado no documento (https://www.gpp.pt/index.php/pac/pac-pos-2020)
verifica-se que não contém atas pulicadas de reuniões desde 21 de fevereiro de
2019, assim como não há documentos de comunicações públicas desde outubro de
2019. Não sendo crível que não houve reuniões do Conselho Consultivo da Revisão
da PAC,
presidido pelo Ministro da Agricultura, assim como do Painel de Peritos e por
uma Comissão de Representantes, coordenados pelo Diretor-Geral do GPP. É
necessário haver acesso público a estes documentos para se poder avaliar o
processo como foram construídos e elaborados estes documentos que agora estão
em consulta pública.
Comentários