EXPLORAÇÃO FLORESTAL - SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA E SUPERFÍCIE MINÍMA DE EXPLORAÇÃO
Boa noite Snr. Engº. José Martino
Li a sua opinião quanto ao programa EMPARCELAR PARA ORDENAR, elaborado em
30JUN2020:
O Snr. refere que a nível da Floresta as explorações deveriam ter pelo menos
200 hectares. Eu não sei se o Snr é produtor Florestal e se tem propriedades rústicas
afectas a tal produção.
Vamos admitir que até tem ou que pretende constituir agora através do programa
focado.
Seguidamente nas áreas que referiu faz floresta de pinheiros, carvalhos,
sobreiros ,e outras espécies de crescimento lento.
Se tudo correr bem, o snr. só terá retorno do seu investimento passados vinte
ou trinta anos.
Como sabe não basta só fazer floresta é preciso fazer-lhe manutenção,
nomeadamente limpezas, desrramação e outras e ainda com o alto risco de um
qualquer dia ser a sua floresta totalmente destruida por um incêndio.
Fala-se muito em Floresta mas ainda não vi ninguem referir que a floresta se
encontra no abandono em que está, precisamente porque não tem valor económico.
Trata-se de um investimento de alto risco.
Na situação actual a floresta deixou de ser um bem de rendimento, como eu a
conheci e passou a ser um bem de despeza.
Eu sou natural e residente na Beira Alta, onde a propriedade rustica está
altamente fragmentada, quando é que o snr. mesmo aproveitando este programa
consegue fazer um emparcelamento com 200 hec.. Dou-lhe um exemplo.
Eu sou produtor florestal, a maior propriedade que possuo tem 20 hec..
Sabe quantos artigos é que tem? Tem 46 artigos. Foi um trabalho que iniciei há
trinta anos.
Comentários:
1.
A superfície mínima de 200 hectares de exploração florestal, significa que é
desejável ir nesse sentido, que se deve caminhar para uma exploração que tenha várias
parcelas cuja respetiva soma dê essa superfície, sempre que possível deve-se caminhar
para a atingir.
2.
Defendo esta superfície mínima de
exploração florestal porque quanto maior for esta, mais baixos serão os custos
fixos da gestão florestal, limpezas, desrames, manutenção de infraestruturas de
apoio, etc. É óbvio que o ideal seria que fosse várias vezes maior.
3.
O maior problema da exploração florestal
é a sua falta de sustentabilidade económica, porque os proveitos obtidos, mesmo
a muito longo prazo, não chegam para pagar os custos financeiros diretos da gestão
florestal. Este é o verdadeiro problema!
4.
Muitas vezes confunde-se o indicado
em 3. com a obtenção da receita a longo prazo, diz-se que são investimentos para
os netos, mas hoje tal não é verdade.
5.
Concordo com o que escreve “a
floresta não tem valor económico” no modelo em que é valorizada nos dias de
hoje. É preciso mudar o modelo da sua valorização pelos produtos que gera acrescentando
o valor dos serviços de ecossistema que presta à sociedade.
6.
Um programa do tipo EMPARCELAR PARA
ORDENAR serve para quem queira, de forma voluntária, comprar terrenos florestais
aos confrontantes tendo como objetivo fazer subir as áreas de parcela e
consequentemente, a área total de exploração.
7.
Conheço alguns exemplos de “verdadeiros
relojoeiros” tal como o seu caso, estão a fazer emparcelamento fundiário há
dezenas de anos, seja por compra, seja por arrendamento. Posso afirmar-lhe que
um programa do tipo do indicado em 6. teria um enorme sucesso caso de
mantivesse pelo menos 10 anos. Sei que esta solução não irá resolver o problema,
mas será uma ferramenta que dará um forte contributo para a sua resolução.
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