A distribuição será obrigada a negociar com os produtores de leite?

Estou solidário com a manifestação dos produtores de leite e das suas Organizações (tenho um compromisso inadiável para a mesma hora, pois caso contrário, seria a primeira vez na minha vida que participaria numa manifestação) porque não aceito que se apresente ao consumidor preço de leite abaixo do seu preço de custo de produção em Portugal.

Da mesma maneira que as cadeias de "forma legal" fazem dumping com o preço do leite justificando-o em nome do consumidor, porque é não se enchem carrinhos de compras, nessas cadeias, com centenas de produtos, não embalados (charcutaria, hortofrutícolas, etc.) e deixá-los juntos às caixas de pagamento? Essas cadeias seriam obrigadas a negociar e rever as suas posições? Qual a V/ opinião? Serão justificáveis estas "formas legais de manifestação"?

Comentários

Anónimo disse…
Na minha opinião, qualquer forma LEGAL, de manifestação é justificável mediante o panorama agrário (e não só) nacional.

Eu não aceito é que se apresente ao consumidor preços espetaculares em promoções fantásticas dedicadas a um produto qualquer, num dia da semana qualquer, e que isso implique que o produtor tenha uma margem de lucro mínima...ou por vezes prejuízo. E os sacrifícios que os produtores têm de fazer para conseguir satisfazer as "ordens" das grandes superfícies, sob a chantagem de se passar a comprar tudo aos espanhóis e marroquinos (não tenho nada contra uns nem outros).

Para as grandes superfícies começarem a pagar os preço justo ao produtor e ao mesmo tempo, ao consumidor, uma boa forma de manifestação, seria, porque não, durante uma semana, um mês, comprar produtos hortofrutícolas apenas directamente nos produtores (basta dar um passeio à beira mar, até à póvoa que eles estão à beira da estrada, por exemplo) ou em feiras.

Isto beneficiaria directamente os produtores que teriam o preço justo e faria ver às grandes superfícies que os consumidores não toleram regimes esclavagistas.

Um contra-argumento: "ah, se não comprarmos no supermercado, os produtores que fornecem o supermercado ficam sem escoamento e sem o seu pão do dia-a-dia."

A resposta: Se tanto produtores, como consumidores se unirem, os supermercados passarão a pagar o preço justo. O pão do dia-a-dia é escasso e sem sal.

E unirem como? Com estas e outras manifestações legais.

Outra opção: os produtores, com prévio aviso e concordância do consumidor, deixam de fornecer o supermercado durante um certo tempo. Há contratos esclavagistas a cumprir? Não faz mal, não se cumprem e vende-se directamente ao consumidor.

Aposto que com manifestações deste género feitas com frequência e em escala, os supermercado chegariam a acordo digno com produtores.

Caso não se faça nada (e prevendo eu que não haja entendimento justo que a Assunção Cristas pretende ter com todas as partes), continuará sempre a mesma coisa: o supermercado a fazer o que quer e lhe apetece com o produtor.

Não são eles que mandam. São os produtores que se deixam mandar, os intermediários que pressionam os produtores porque também só pensam nos seus lucros e o consumidor que fecha os olhos porque teme que os preços aumentem caso o produtor passe a receber o pagamento justo.

Cumprimentos
PM
Anónimo disse…
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A manifestação de produtores é perfeitamente legitima e até justificavel ...
Mas que ninguém se iluda, na esmagadora maioria das vezes o consumidor olha preferencialmente para o preço, em tempo de crise está-se ( quase ) absolutamente borrifando para o patriotismo e para a origem dos produtos.


Vitor Monteiro.
.
Anónimo disse…
Concordo com o Vitor Monteiro.

É normal que a maioria olhe para o preço e não a origem dos produtos. É uma questão de carteira.

E os supermercados sabem isso perfeitamente e usam-no a seu favor prejudicando o produtor.

Cabe ao produtor manifestar, pressionar para a mudança, cabe ao consumidor apoiar e louvar as manifestações e cabe aos responsáveis políticos arranjar concórdia entre todos.

Além disso também cabe aos responsáveis políticos proporcionar todas as condições para uma melhoria da produção em quantidade e qualidade por forma a ajudar a fazer também face à concorrência estrangeira.

Cumprimentos
PM
Jorge Carvalho disse…
Vamos lá... eu alinho se for uma atitude concertada... vamos fazer com que sejamos mais respeitados por quem nos esmaga...mas, vamos também fazer algo para que quem manda, fiscalize mais e melhor, porque de que me serve ter um governo que não manda, não orienta, não protege... ao menos que fiscalize os preços, as origens, e que de uma vez por todas mostre à distribuição que tem mais poder que eles (o que não é o caso)e que que não tenha medo se eles forem embora deste país, pois, se forem, 93 000 vão pro desemprego, mas outros tantos ou mais, arranjam e desenvolvem ou criam oportunidades de negócio que criam os mesmos ou mais empregos... temos medo de quê?
Jorge Carvalho

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