josemartino.blogsopt.com - Comemoração dos 15 anos
Este foi p 1.º post que publiquei neste blog em 12 fevereiro de 2008:
A internacionalização da agricultura
portuguesa
O desenvolvimento da agricultura
portuguesa tem que passar pela internacionalização dos mercados dos seus
produtos, sobretudo naqueles que têm condições edafoclimáticas mais ajustadas
que permitam chegar a produtos com características diferenciadoras, melhor
qualidade gustativa, cujas fileiras aliam competência técnica e gestão
empresarial com organização, rentabilidade e competitividade.
Os mercados internacionais e, com maior
preponderância, pela sua maior proximidade geográfica, o mercado espanhol, têm
que assumir um peso determinante no escoamento das produções agrícolas
portuguesas, sob pena de não se conseguir ultrapassar a diminuta dimensão do
mercado nacional e sobretudo o nosso fraco poder de compra.
O valor acrescentado e a mais valia financeira
ganhos pela qualidade dos produtos nos mercados internacionais são estratégicos
para remunerar a fileira e dar um incentivo adicional à agro-indústria e
produção para se especializarem, incorporarem mais inovação e trabalharem
afincadamente na implementação dos factores diferenciadores.
A diminuição da pressão da oferta sobre o mercado
nacional traz a vantagem adicional de se conseguir que a distribuição
organizada, a qual domina o mercado em variados sectores, tenha que remunerar
melhor os produtos portugueses caso estes não tenham outras alternativas no
estrangeiro.
Esta nova visão dos mercados internacionais e em
particular de Espanha corresponde a uma mudança de paradigma mental dos
agricultores nacionais e da agro-indústria associada, a qual será, sobretudo, o
resultado do processo da assumpção de que o espaço geográfico ibérico é o
mercado natural dos produtos agrícolas portugueses.
O planeamento e a estratégia da produção têm que
dar resposta para chegarmos e estarmos com as nossas marcas doze meses por ano
nos mercados internacionais. Para tal vai ser necessário que as empresas
portuguesas tenham explorações agrícolas no hemisfério sul para poderem tirar
partido das produções em contra-estação.
O primeiro passo para abordar de forma sistemática
e coerente a internacionalização da agricultura portuguesa passa pela
elaboração dos Planos Estratégicos de Fileira, sub-fileira ou produto. São
instrumentos privilegiados de diagnóstico, quer pela análise do "estado da
arte" a nível global na sua vertente de "análise externa", quer
ao nível de Portugal no capítulo da análise "interna". Por outro
lado, definem e clarificam os objectivos atingir nos próximos seis anos, assim
como traçam os respectivos planos de acção e conjugam-nos com os respectivos
orçamentos de execução.
A "análise externa" resulta do
conhecimento aprofundado do que se passa em todos os países produtores,
independentemente de serem nossos concorrentes directos ou não. Desde a
produção, à agro-indústria até aos mercados temos que trabalhar para possuir
quer por pesquisa à distância, quer por cantacto directo, a informação
actualizada e eficaz que mostre a realidade nua e crua com que os portugueses
têm que se bater para conquistarem os mercados internacionais.
Temos que fazer o mesmo trabalho para Portugal ultrapassando
as limitações que sempre apontamos de ausência de dados ou a sua fraca
fiabilidade. Quando realmente queremos fazer bem e ter sucesso os resultados
aparecem.
A discussão alargada do diagnóstico pelos membros
de cada fileira é factor chave de sucesso para se traçarem os objectivos
correctos e se apontarem as acções mais adequadas para que sejam atingidos.
O documento tem que fazer a orçamentação correcta,
a identificação das fontes de financiamento das acções e a definição da
estrutura/equipa responsáveis pela coordenação do Plano, para que a sua
implementação venha a ser no futuro um caso de sucesso.
A fase seguinte passa por comunicar, de forma
eficaz, as linhas mestras do Plano Estratégico de Fileira, quer para o interior
da respectiva fileira, quer junto dos poderes públicos, tendo como objectivo
fazer que a conjugação de esforços e a cooperação dos membros da fileira sejam
efectivas, assim como na obtenção dos apoios financeiros adequados para se
desenvolverem as acções que levem à conquista dos mercados internacionais.
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