Estratégia para a Instalação de jovens Agricultores (2)

Os meus leitores escreveram o seguinte sobre o tema deste post:
"Anónimo disse...


Pergunta da neta de 37 anos ao avô de 92 anos: o que é que eu tenho de fazer para ser uma boa jovem agricultora?
O avô respondeu: quando não conseguires fechar as mãos de tanto doerem e de tantos calos teres, tenho a certeza que nessa altura serás uma boa agricultora.

Nota: este relato é verídico e ocorreu no fim de semana da Páscoa.


Ou seja, não se iludam os que andam atrás da cenoura dos subsídios que sem muito trabalho nunca chegarão a bom porto.

Boa semana
NA
Nandinha disse...
Concordo plenamente com a opinião deste anónimo. Haverá, certamente, algumas pessoas a pedirem subsídios e a não quererem trabalhar, o que dará muito mau nome à agricultura em geral. A Agricultura não pode voltar ao tempo que as pessoas compravam grandes carros à conta dos subsídios.
Paula Baptista - Agropinktec, Lda. disse...
Boa Tarde,

Penso que as pessoas que estão a deixar os seus empregos ou a tentar conciliá-los com a actividade agrícola na sua maioria querem uma mudança de vida radical e apostar a valer no setor primário. No meu caso deixei a minha profissão para me dedicar a 200% a um projecto agrícola, não tem sido fácil os entraves são muitos, burocracias ainda mais.... por isso neste momento penso que estamos num ponto de viragem nível de mentalidades....(ou pelo menos assim espero e é para isso que me empenho e trabalho)
filipedro disse...
concordo com a paula, acho que esta nova geraçao que se vira para este sector vem de sectores em que se habituaram a trabalhar, nomeadamente gente que vem da construçao civil, acho que vem para viverem e nao terem que imigrar e com disposiçao de trabalhar pois é esse aspecto, falta de trabalho que os motiva embora os subsidios sejam um incentivo que tem levado com que as pessoas mais facilmente optem por esta area, como também novo modo de vida e regresso a sitios muitas vezes que tem valor sentimental que muitos guardam nas lembranças de infancia quando iam á terra e viam o avô a trabalhar a terra, isto puxa por nos com boas recordaçoes e um sentimento de regresso ás origens que temos com orgulho...


Comentários:
1 - Não creio que o caminho seja o conselho do avô porque temos de transformar os agricultores em empresários, sobretudo jovens. O empresário tem que saber fazer planos de negócio (trabalho no computador), se não tiver competências que investigue, leia, inscreva-se em curso, tem que saber fazer contas (trabalho em excel), tem que sair de casa e visitar/estagiar em explorações da mesma atividade em Portugal e no estrangeiro (saber estar, saber falar, falar linguas estrangeiras), tem que saber gerir (ter formação em gestão de empresas/negócios, gestão de pessoal), tem que saber dominar tecnologias de computadores, GPS, eletrónica aplicada nos sistemas de rega, máquinas e equipamentos, etc. Quem não possui competências deve frequentar formação profissional e pessoal para o efeito. Certamente que terão de trabalhar no campo, mas face ao passado poucas tarefas serão com a enxada ou "pá e pica".Tenho a certeza que os calos e as mãos gretadas se conseguem controlar com luvas de qualidade.

2 - Estou preocupado com os meus objetivos como empresário agrícola, em obter sucesso, em montar estratégias que gerem valor acrescentado, euros e depois em trabalhar de forma árdua para ter resultados. Penso que há muitos jovens agricultores e outros mais velhos que irão ter insucesso porque não se estão a preparar devidamente para as atividades que estão a lançar-se e abraçar, sobretudo ao nível financeiro e organizativo. 

3 - Não entendo como continuam a insistir no tema dos carros comprados com subsídios de investimento na agricultura porque na atualidade é impossivel isso acontecer: mesmo que se gaste o prémio de 1.ª instalação do jovem agricultor no valor de 30 000 euros, tem que fazer o investimento de 75 000 euros o que obriga a fundo de maneio para IVA e encargos da atividade em valor superior a esse montante. Se alguém tiver que devolver fundos pagos assume uma divida fiscal, a qual incide sobre os rendimentos pessoais e património do empresário. 

4 - Os entraves são muitos porque não conhecemos devidamente os pormenores da atividade agrícola, só a experiência de gerir uma exploração agrícola é que gera competências para o efeito (a minha sugestão: "tem que aguentar e cara alegre", cometer erros, aprender todos os dias, e fazer melhor tendo por base a aprendizagem dos erros (é mais inteligente aprender com os erros dos outros)).

5 - É preciso mudar mentalidades, mas sobretudo práticas e comportamentos. É preciso ter capital disponivel (proprio ou alheio) para se ser empreendedor. Há muito insucesso por falta de planeamento, capital, vontade de trabalhar quando os processos estão a correr mal, persistência, etc. Lido com muitos candidatos a jovens emprésarios agrícolas e noto que há alguns que estão melhor preparados que outros, mas verifico que muitos melhoram as suas perfomances pessoais quando sentem as dificuldades sérias do tipo "o barco quase a afundar".

6 - O regresso às origens e a memória dos nossos antepassados é um lenitivo que nos tempera nos tempos mais dificeis que iremos passar nas nossas explorações agrícolas, mas terá que ser a nossa vontade em obter sucesso, em querermos  ser empresários com resultados reconhecidos publicamente que nos darão forças e coragem para vencer. Temos que utilizar o exemplo daqueles poucos empresários que conseguem ganhar muito dinheiro com a agricultura. Temos que conseguir as suas competências: trabalhar de forma esforçada, acreditar que iremos ter obter excelentes resultados, boa produtividade, excelente qualidade, e montar as estratégias necessárias para os alcançar.   


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