Pecuária florestal
As mudanças
que são necessárias realizar nas florestas de Portugal para as tornar mais resistentes
aos fogos agora que as alterações climáticas são mesmo uma realidade que veio para
ficar, passam sem qualquer sombra de dúvida pela redução da massa combustível,
quer nas florestas, quer na envolvente. Para esta estratégia ser eficaz é
preciso desenvolver a agricultura levando-a envolver as manchas florestais, a
fazer com que amplas manchas não tenham massa combustível, que possam ser zonas
de reposição e combate aos fogos ou incêndios ou zonas tampão naturais à propagação
dos fogos ou incêndios. A redução de combustíveis nas florestas passa pela sua gestão
retirando vegetação rasteira, desbastando árvores, execução de desrames, etc. Estas
operações podem ser feitas por meios manuais, mecânicos, utilização de animais,
etc. A silvo pastorícia é uma atividade que desejavelmente irá desenvolver-se, porque
é eficaz na sua ação e por si mesma gera resultado económico direto e imediato
ao contrário do que acontece com todas as outras técnicas de gestão florestal, o
seu custo só é pago quando há lugar à venda do material lenhoso. A pecuária
exige competências específicas de quem a explora porque é preciso saber
alimentar os animais, 365 dias por ano, prevenir e combater as suas doenças, tirar
o melhor partido da reprodução dos animais para a produção de carne e leite nas
épocas de mercado mais propícias, etc. Esta limitação pode ser ultrapassada
pela implementação das escolas de pastores, pelo recurso e uso de novas
tecnologias, o chamado “pastor eletrónico” pela implementação das organizações
de produtores que deem valor acrescentado às produções. Nesta perspetiva creio
que os animais das raças autóctones, melhor adaptados aos alimentos que são naturalmente
produzidos nas florestas e redondezas, bem como aos climas, serão uma melhor via
para obtenção de produtos de qualidade, DOP e IGP, consequentemente com melhor
acesso aos mercados e maior potencial de valor acrescentado das suas produções.
Está na altura de se organizar melhor a
sua comercialização como forma de incrementar as quantidades produzidas e o
valor a distribuir ao longo da fileira.
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