Sustentabilidade das Agriculturas de Trás os Montes
Estão criadas as condições para o desenvolvimento
sustentável do setor agrícola na região de Trás os Montes?
Comentários:
1. O desenvolvimento sustentável da agricultura na região de Trás os Montes não é uniforme em todo o território, há sub-regiões com falta de iniciativa empresarial, o empreendedorismo tem uma distribuição geográfica regional assimétrica, maior em determinadas sub-regiões que noutras, tendo maior impacto ligado às culturas permanentes, e.g. no Douro, Terra Quente e menor na região do Tâmega.
1. O desenvolvimento sustentável da agricultura na região de Trás os Montes não é uniforme em todo o território, há sub-regiões com falta de iniciativa empresarial, o empreendedorismo tem uma distribuição geográfica regional assimétrica, maior em determinadas sub-regiões que noutras, tendo maior impacto ligado às culturas permanentes, e.g. no Douro, Terra Quente e menor na região do Tâmega.
2. Há tendência para a especialização nas culturas permanentes por
sub-regiões em detrimento da multidiversidade cultural nas explorações, com
atividades vegetais e pecuária na mesma exploração, as quais eram típicas do
passado, na agricultura transmontana. O que pode ser avaliado pelas intenções
de investimento na agricultura no âmbito do PDR2020: 6,6% em culturas
temporárias, 75,4% em culturas permanentes e 18% em pecuária. Exemplos de
especialização geográfica: Vinho no Douro, azeite e amêndoa na Terra Quente Transmontana
e castanha na Terra Fria Transmontana.
3. Nota-se o incremento de atividades onde é maior a rentabilidade, quer
seja percecionada, e.g. produção de amêndoas, pistácios, quer seja real,
adquirida, uvas para vinho do porto ou para espumante no Távora Varosa, maçãs,
etc.
4. Nas atividades vegetais é mais fácil instalar novos players face à
atividade pecuária, a qual é mais exigente em acompanhamento a tempo integral e
está mais legalmente mais regulamentada e condicionada quer no inicio de
atividade, quer em exploração e isto explica que a atividade pecuária esteja em
perda em comparação com a atividade vegetal.
5. Outro fator a ter em conta que pode comprometer o desenvolvimento sustentável das agriculturas de Trás os Montes é a falta de mão de obra. Tem como causas a descida da taxa de desemprego até ao nível estrutural, envelhecimento da população e emigração.
6. Na minha opinião deveria existir um plano para dar resposta ao estrangulamento
indicado em 5. porque é uma tendência que irá agudizar-se com o passar do tempo
e pode eventualmente comprometer o desenvolvimento rural a curto e médio prazo.
7. Há falta de resposta às alterações climáticas seja pelos seguros de
colheita não garantirem o nível mínimo decorrente dos prejuízos efetivos de
sinistros pela queda de granizo, fenómeno atmosférico cada vez mais frequente e
de maior impacto, quer na destruição da colheita, quer das plantas,
comprometendo o rendimento dos anos seguintes.
8. Defendo a criação de seguros obrigatórios, quer para agricultores, quer
para as organizações de produtores (neste caso cobrirão a falta de matéria
prima para transformarem e comercializarem).
9. A escassez da água para rega e das superfícies irrigadas são limitações
ao desenvolvimento sustentável da agricultura regional porque há falta de
estratégia para o regadio e a sua gestão. Os menos de 4000 hectares de regadio
previstos e com financiamento para os próximos anos parece-me que tem pequena
dimensão face às necessidades e serão fortemente limitadores do desenvolvimento
a médio prazo, pelo que é preciso um programa/plano robusto de pequenos e
médios regadios para fazer face às alterações climáticas.
10.Em determinadas sub-regiões a estrutura fundiária compromete o
incremento das superfícies médias por exploração, o qual é vital para garantir
a sustentabilidade. É preciso um banco de terras regional.
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