Excertos da minha opinião como especialista na peça escrita pela jornalista Teresa Silveira no Suplemento “Agrovida” da Vida Económica publicada ontem com o título “ Negócio Bayer-Monsanto força autoridades da concorrência a fiscalizar situações de abuso de posição dominante”



“Este movimento de concentração de gigantes no fabrico de fitofármacos e sementes insere-se numa lógica de resposta à globalização, aos novos modelos de negócio que têm por base à saída dos Estados do financiamento da pesquisa de soluções para alimentar a população mundial, transferindo- a para a iniciativa privada à escala mundial”, começa por dizer José Martino, CEO da consultora Espaço Visual e fundador da organização de produtores Bfruit. E fala de outras operações de concentração de outros concorrentes, como a fusão da Dow Chemical e da DuPont, anunciada em finais de 2015, ou a aquisição da Syngenta pela Chem China, em julho de 2016. Diz, pois, à “Vida Económica” que esté “é um fenómeno normal, que decorre das megafusões no negócio financeiro, da integração do comércio mundial em reduzido número de blocos mundiais e, mais que tudo, da melhoria da logística que permite a gestão integrada eficiente destas megacompanhias industriais”. Aliás, conclui José Martino, para essas companhias, tudo isto “representa ganhos adicionais e melhoria de rentabilidade e competitividade, porque há sinergias do trabalho conjunto, quer seja na pesquisa e nvestigação, quer seja no financiamento, distribuição e comercialização”. Questionado pela “Vida Económica” sobre que efeitos haverá para os agricultores quanto ao futuro preço das sementes e pesticidas, o engenheiro agrónomo diz que “o negócio da agricultura irá ficar balizado entre os custos dos fatores de produção e o rendimento obtido pelas produções, ou seja, o preço destes fatores de produção irá aumentar, ou não, conforme os mercados suportarem estes eventuais acréscimos de custos”. A fase seguinte, diz, “será o aumento de dimensão da atividade dos agricultores”, uma vez que já assistimos ao aumento de dimensão dos operadores da distribuição alimentar e que agora se está a assistir aos fornecedores de fatores de produção e a iniciar-se o fenómeno da concentração da produção agrícola. Ainda assim, diz José Martino, “para uma parte dos agricultores, este fenómeno será uma oportunidade, porque terão à sua disposição novas variedades, mais competitivas que de outro modo não existiriam que de outro modo não existiriam que de outro modo não existiriam porque os Estados não têm orçamento disponível para suportar os altos custos da investigação”…..


A dimensão da operação entre a Bayer e a Monsanto – 58,7 mil milhões de euros – e, sobretudo, as áreas de negócio aqui envolvidas levantam dúvidas sobre se o negócio é possível e, em caso afirmativo, sobre os comportamentos que deverão adotar, por um lado, as autoridades da concorrência e, por outro, as autoridades de saúde e de segurança alimentar para evitar possíveis efeitos perversos do poder resultante desta mega operação. José Martino, da Espaço Visual, está convencido que “a incorporação de tecnologia na produção, como a robotização, as decisões de gestão tomadas por computadores de nova geração, a internet das coisas, irão alterar toda a forma de trabalhar e produzir”. E “lançarão novos desafios para os quais nós, empresários e cidadãos, temos de estar na linha da frente para os perceber e incorporar na lógica da defesa do bem público, fazendo com que estes movimentos de opinião sejam incorporados de forma sólida na sociedade pela via política”. Isto para dizer que, em sua opinião, “as autoridades de concorrência irão fazer o seu trabalho adquirindo cada vez mais importância nas sociedades”. E José Martino está convicto de que essas autoridades “não terão base legal para impedir este tipo de fusões, embora venham a controlar muito de perto o funcionamento do dia a dia destes conglomerados quanto a práticas de cartelização e de tirar partido de posição dominante, dumping, etc., aplicando pesadas multas”. Por outro lado, diz o engenheiro agrónomo, “a organização dos cidadãos à volta das redes sociais também será fator de equilíbrio da ação destas megaempresas”, o que o leva a não defender “a demonização destes processos tendo em conta eventuais perigos no que diz respeito à saúde dos indivíduos ou riscos de segurança alimentar”. Pelo contrário, considera que “as entidades que controlam estes processos, juntamente com o conhecimento e a divulgação e comunicação de eventuais problemas destes alimentos, de forma maciça e rápida como hoje acontece, pela perda de reputação e de negócio potencial, serão fatores de dissuasão de tentação de poder perverso por parte de quem dirige estas empresas”. …

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