Uma política agrícola de nova geração

José Martino 
(engenheiro agrónomo)
josemartino.blogspot.pt


O “politiquês” regenera-se a cada eleição. O problema é que nunca é pelos melhores motivos. As propostas políticas agora, invariavelmente trazem à frente o 2.0 ou 4.0, para passar a mensagem de um sistema operativo avançado.
Na verdade, é mais uma mistificação retórica, mera propaganda para enganar os incautos. É sempre a velha política a mandar. Nunca me subordinarei a este estado de coisas. Quero uma política de nova geração alicerçada em novas ideias, na defesa dos superiores interesses de Portugal e da competitividade da sua economia.
Olhemos para a agricultura, o meu “core business”. Em 28 anos de ajudas públicas ao investimento, que resultados alcançamos? Se o critério for o do VAB (valor acrescentado bruto), a conclusão é que desperdiçamos décadas de apoios públicas e milhões de euros.
Na verdade, e segundo alguns documentos consultados, apenas em 2006, 2008 e no ano de 2012, crescemos em termos de VAB agrícola. É muito insuficiente. Temos de ser capazes de mais e de nos tornarmos mais eficazes. Temos de contribuir para o equilíbrio financeiro do país, resgates nunca mais.
Já aqui o tenho dito, é preciso alterar o sistema de ajudas públicas ao investimento. Este sistema tem de ser capaz de identificar e, consequentemente, apoiar, quem for competente, capaz de gerar riqueza e criar valor.
Isso só se consegue cumprindo estas três premissas essenciais: mais competências, mais competências e mais competências. Só depois virão, mais dimensão e mais economia de escala. O sistema de ajudas tem que ser capaz de identificar os agentes económicos que reúnem estas premissas, os fundos estruturais devem ser para aí canalizados.
As ajudas públicas ao investimento são alavancas determinantes para o nosso desenvolvimento económico e menor dependência do exterior, em prol de objetivos de políticas e não fins em si mesmo, o importante é gastar os fundos financeiros disponíveis, as verbas de Bruxelas. Mas o ponteiro indicador do caminho tem de vir da massa critica da opinião pública, construída a partir da informação disponibilizada pelo Ministério da Agricultura sobre o que acontece em Portugal e no mundo, alicerces  de uma liderança política que tome as opções mais correctas em prol dos superiores interesses dos portugueses.
Essas opções devem ter em conta uma análise sobre as fileiras com maior potencial, o conhecimento sobre os melhores mercados externos para os nossos produtos (a China, onde Cavaco esteve recentemente? outros mercados asiáticos? a Rússia), o conhecimento sobre o que estão a fazer os outros países, que estratégias estão a implementar no xadrez mundial.

artigo de opinião publicado no semanário "Vida Económica", em 23 de maio de 2014

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