Qual o papel do Associativismo Agrícola no Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa?

Trabalhar no Associativismo Agrícola é um desafio permanente e um teste constante à minha capacidade de resistência.

Em primeiro lugar, trata-se de uma actividade voluntária, cuja motivação pessoal advém da satisfação de poder contribuir para o bem público, sobretudo daqueles mais humildes que dependem da agricultura para sustentarem as suas famílias. Em segundo lugar, por maior que seja o esforço, a dedicação, a eficácia na acção e o sucesso nos resultados, nunca consigo eliminar as criticas injustas (tenho muita dificuldade em aceitá-las, apesar de conviver bem com elas, pois são um instrumento de análise e evolução pessoal). Em terceiro lugar, o associativismo não é valorizado por muitos daqueles a quem se destina.

Esta reflexão vem a propósito do meu estado de espírito face aos resultados do meu trabalho na APK - Associação Portuguesa de Kiwicultores e da questão colocada ontem, em Mirandela, pelo Ministro da Agricultura, na audiência que concedeu às Associações da Região Norte: Qual o papel do associativismo agrícola e a sua estruturação, dado o seu elevado número de pequenas Organizações que existem em Portugal (desde que tomou posse e até esta data já concedeu audiências a mais de duzentas Instituições)?

Caro leitor, gostaria de obter a sua opinião sobre a questão colocada.

Comentários

Anónimo disse…
Na minha opinião, o associativismos é um pau de dois bicos. Se por um lado tem um conceito nobre nos seus designios, na prática é um conjunto de lóbis que servem para alguns irem lá buscar o seu e servir os seus próprios interesses, mesmo que de uma forma indirecta.

Adamastor
AssociaDor disse…
Aqui há várias questões:

1- A questão levantada pelo ministro
2- A questão dos resultados do seu trabalho na APK
3- A questão da sua motivação pessoal para fundar a APK
4- A questão de não conseguir eliminar as críticas injustas
5- A questão da não valorização do associativismo por muitos dos seus destinatários

Quanto à primeira, existe uma recomendação, generalizada há muito tempo, para que os indivíduos com interesses comuns se associem, no sentido de terem um instituição que os estruture e os represente.

Quanto ao seu papel e à sua estruturação são requisitos estatutários.

Se já ouviu mais de 200 instituições, seria interessante que tivesse dito também o que isso representa face ao todo nacional, por sector, por volume de produção, por número de agricultores.

Talvez daqui pudessem decorrer de imediato listagens ordenadas por alguns critérios, que permitissem ouvir primeiro quem mais representa, depois quem mais precisa, a seguir quem mais exporta, etc...

Há Confederações, Federações, Uniões, Associações, Cooperativas, ...

Talvez se possa então aplicar uma espécie de triagem de Manchester, como nas urgências dos hospitais?

Talvez algumas destas instituições descubram que só terão a ganhar se forem capazes de se agregarem em termos de nível de interesses comuns, ganhando representatividade e tornando a acção do ministro muito mais eficaz.


Quanto à última, um inquérito deve esclarecer as razões que levam a isso e permitir tomar medidas que corrijam essa atitude.

Quanto às segunda, terceira e quarta... só com dados concretos se poderão fazer algumas considerações.
José Martino disse…
Será que o para o leitor que fez o 1.º comentário o associativismo é mau para quem nele participa activamente porque "...serve para alguns irem lá buscar o seu e servir os seus próprios interesses, mesmo que de uma forma indirecta"? Não será uma análise injusta, porque se acontece o que diz não será por omissão dos associados que se demitem das suas responsabilidades e são pouco exigentes com os seus representantes?
Como se melhoram os resultados da fileira a que estamos ligados? Será melhor ficarmos em casa e esperar que tudo se resolva por si?
Qual será o contributo do associativismo para o emprego?


Vamos debater este tema?
Anónimo disse…
É verdade que o associativismo não desperta muito interesse. É bem mais fácil criticar, ficar no seu conforto e esperar que Lisboa resolva todo.
Em relação aos kiwicultores, é verdade que as associaçoes profissionais podem fazer mais e melhor por exemplo aplicando uma política mais transparente e próxima dos associados, de modo que estes se sintam "iguais", não tenham que protestar para serem ou para se sentirem respeitados. Muitas vezes as direcções das associações procedem como se fossem presidentes de alguns membros e não de outros, ou os outros vêm depois.
Creio que isto é um pouco verdade e que pode ser melhorado sem grandes investimentos.
A Almeida

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