"Entrar na atividade agrícola é um pesadelo"


 
"Tenho 1800m2 de estufas e depois de quase um ano a partir literalmente a cabeça em como produzir com qualidade, finalmente um dia consegue-se e depois o que acontece? Nada!!!  Não se conseguem vender os produtos e deita-se literalmente o produto pró lixo..o mercado está saturadíssimo..aconselho as pessoas deste blogue a darem uma olhada ao link http://www.linos.pt/pt/media-center/os-linos-e-primores-do-oeste e porem a mão na consciência em se querem avançar para isto da hidroponia ou não.
Antes trabalhar no Macdonalds e olhem que não é dizer pouco. Trabalhar para aquecer durante 5 anos e vender a um preço medíocre,oferecer o produto ou deitar fora para justificar o salário mínimo de quinhentos e tal euros para poder manter o que sobrou no final do projecto..as letras pequeninas dos contratos do PRODER. Atualmente verifica-se um aproveitamento das vulnerabilidades das pessoas devido á situação em que o país se encontra..inaceitável...mas compreende-se os paizinhos metem o filho na agricultura".
 
Comentários:
1- Tenho o maior respeito pelo descrito acima, o qual é normal e corrente na minha experiência empresarial: pelo menos os três primeiros anos em qualquer empresa que lanço ou start up em que participo: "são para esquecer: se há algo que identificamos/prevemos que pode correr mal, irá certamente correr muito pior, quer o que conseguimos prever, quer tudo aquilo mais incrível que seja imprevisto". É preciso muita coragem para recomeçar, muita coragem para não culpar os outros, muitíssima coragem para analisarmos o que correu mal, assumirmos os nossos erros pessoais no processo e sobretudo, determinarmos o que iremos mudar no nosso comportamento pessoal, dia a dia, falhar, falhar, tentar, tentar, tentar, melhorar....  Paralelamente, é preciso prever e trabalhar para ter o capital, "combustível dos negócios" para fazer face a estes imprevistos, seja nosso, de familiares, amigos, bancos, business angel, etc..
 
2 - Entendo como um desabafo numa fase do processo empresarial que corre mal a seguinte frase; "Antes trabalhar no Macdonalds e olhem que não é dizer pouco. Trabalhar para aquecer durante 5 anos e vender a um preço medíocre, oferecer o produto ou deitar fora para justificar o salário mínimo de quinhentos...", pois se tal for mesmo assumido, acho que a pessoa em causa nunca fez o seguinte caminho critico:
a) Analisar previamente ao investimento, se possuía ou teria potencial para vir a obter o perfil e caraterísticas pessoais de empreendedor:
- capacidade de avaliação de pessoas (prestadores de serviços, consultores, colaboradores, trabalhadores, clientes, fornecedores, etc.);
- competência para distinguir uma boa ideia de um bom negócio;
- possuir capacidade de liderança, coragem, resiliência, determinação, capacidade de levar a carta a Garcia;
- Capacidade para assumir riscos ("quem pensa não casa; quem casa não pensa")
- Objetivos claros para um investimentos: valor do salário a gerar para sustentar a família/ rentabilizar terras de família/remunerar capitais.
- Capacidade para conseguir o financiamento.
b) Fez a recolha de informação na internet e visitas a produtores e comercializadores para construir o seu conhecimento e plano de negócios sumário,
c) Contratou consultores competentes para o ajudar a instalar-se na agricultura.
d) Adquiriu competências técnicas e de gestão através da formação profissional antes do investimento (cursos de formação profissional, estágios formativos, workshops, visitas de estudo, trabalho em explorações agrícolas, etc.).
e) Registou todas as operações, praticamente hora a hora, tudo o que decorreu na fase de investimento e pós investimento na fase de exploração, incluindo análise ao mercado e aos seus operadores comerciais.
f) Fez a análise critica à informação recolhida tornando-a conhecimento a aplicar e aplicando, tirando neste exercício, partido de técnicos, colegas empresários e comerciantes dos produtos e fatores de produção, ou seja, certamente que faria as mudanças nas culturas hortícolas para outras mais rentáveis e com maior apetência pelo mercado, assim como a procura de outros operadores comerciais.

3 - Reconheço que a horticultura é uma atividade difícil e exigente, pelo que deixo aqui o meu público reconhecimento ao sucesso da Hortijales, ao seu líder, Sr. Norberto Pires, que conseguem em condições muito difíceis, na montanha de Vila Pouca de Aguiar, obter excelentes resultados decorrentes do seu pragmatismo e competência empresarial. É destes exemplos que muitos dos jovens e menos jovens que entram na horticultura deveriam conhecer e praticarem para evitarem muitos dos insucessos e os consequentes,  lamentos e desabafos que o texto acima espelha.

4 - O que sei da minha experiência empresarial é que quando as coisas correm mal sou eu o empresário que pago a fatura, seja do ponto de vista financeiro, social (sirvo de tema para a "prática do principal desporto nacional: ter prazer em falar sobre os insucessos d'outrem", pessoal (depressão)- Por outro lado também sei que para ter sucesso preciso de acreditar que o irei obter, trabalhar afincadamente praticando o indicado em 2., todos os dias tentar fazer melhor que no dia anterior e enfim, quando se tem sucesso empresarial, reconhecer que tal é o resultado do trabalho das nossas equipas, o nosso contributo para criação de riqueza e sustento da nossa família e o progresso da sociedade portuguesa.

5- Sei por experiência própria que o sucesso empresarial é resultado de muito insucesso, de muitas coisas que correram mal e das quais fomos capazes, nós os empresários, de corrigir, solucionar, alterar, recomeçar, percorrer novos caminhos sem a certeza do resultado final, mas certos e determinados a ganharmos dinheiro e obtermos sucesso.

   

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