Artigo da Vida Economica de hoje.
Cooperativas agro-industriais
na hora da mudança
José Martino (engenheiro agrónomo)
Josemartino.blogspot.com
A reestruturação do sector cooperativo agro – industrial é uma das exigências da nossa economia, num período em que a conjuntura económico - financeira portuguesa pede um auxílio decisivo à indústria potencialmente exportadora.
O sector cooperativo deve ser apoiado e incentivado a incrementar a produção agro-industrial porque está vocacionado para valorizar as produções dos pequenos e micro-agricultores.
A agro-indústria portuguesa (AAP) é um dos elos mais estratégicos para promover o sucesso da agricultura portuguesa.
Trata-se do interface entre a produção e a distribuição, quer no mercado nacional, quer nos mercados internacionais. Mas para continuar a ter um papel decisivo na nossa alavancagem económica é necessário redimensioná-lo, reduzir os seus custos de produção, e também criar um fundo de prevenção que, em época de crise, garanta a pujança de um sector que garante um potencial exportador, de criação de emprego e solidez económica das famílias.
Para continuar a exercer um papel fundamental de argamassa do tecido económico e de coesão social, as cooperativas agro-industriais terão de ser reconhecidas como entidades de interesse público; terão de ser obrigadas a ter Revisor Oficial de Contas, criando o Estado um fundo para evitar os avais dos directores, dado que, paradoxalmente, estes podem ser afastados pela Assembleia Geral, mas os avais mantém-se se os bancos assim o exigirem.
Este plano de reestruturação, a “cereja no topo do bolo” é promover o saneamento financeiro e a concentração das actuais cooperativas, impondo mudanças organizacionais e estatutárias: por ex. nas votações de uma pessoa/cooperante, um voto; cada unidade de produção ou transacção na cooperativa, um voto; quem forneça 100t de fruta tem que ter mais dez votos, face a quem só fornece 10t.
Falar de reestruturação do sector cooperativo é falar também na reestruturação de quadros e de formação. Para criar uma massa crítica mais habilitada a lidar com o sector cooperativo numa perspectiva de negócio.
É necessário dotar o sector cooperativo agro – industrial de uma perspectiva profissional, com definição de objectivos, prioridades, planos, metas e missões específicas. Só assim poderemos falar de uma reestruturação robusta, e com chances claras de êxito e sustentabilidade.
A AAP, sendo um parceiro estratégico dos agricultores, permite a obtenção de economias de escala, essencial para garantir competitividade nos mercados.
Realço que a AAP utilizou todas as ajudas financeiras disponibilizadas
para investimento, desde 1986, ano da entrada de Portugal na CEE, mas infelizmente o poder político não teve o cuidado de promover o financiamento contínuo desta actividade.
Os investimentos foram realizados numa lógica produtiva e só nos anos mais recentes se assistiu a investimentos em melhor organização e gestão dos processos. Notou-se a falta de uma marca forte associada a estratégias de distribuição e comunicação, e correspondente promoção nos mercados internacionais.
Nesta perspectiva importa referir que existem grandes potencialidades de exportação para produtos da AAP que apresentam vantagens comparativas.
Para se ser competitivo no contexto internacional e nacional, os caminhos a seguir são os da especialização, inovação e diferenciação.
A aposta na exportação do sector cooperativo é decisiva. Termino com o exemplo de um empresário, que se não tivesse investido no estrangeiro, não teria crescido mais de 10% ao ano, e que na realidade tem conseguido crescimentos anuais acima dos 200%.
É deste tipo de exemplos que Portugal necessita, não como excepção, mas como regra para promover as exportações de produtos agrícolas portugueses e o incremento da competitividade da AAP.
na hora da mudança
José Martino (engenheiro agrónomo)
Josemartino.blogspot.com
A reestruturação do sector cooperativo agro – industrial é uma das exigências da nossa economia, num período em que a conjuntura económico - financeira portuguesa pede um auxílio decisivo à indústria potencialmente exportadora.
O sector cooperativo deve ser apoiado e incentivado a incrementar a produção agro-industrial porque está vocacionado para valorizar as produções dos pequenos e micro-agricultores.
A agro-indústria portuguesa (AAP) é um dos elos mais estratégicos para promover o sucesso da agricultura portuguesa.
Trata-se do interface entre a produção e a distribuição, quer no mercado nacional, quer nos mercados internacionais. Mas para continuar a ter um papel decisivo na nossa alavancagem económica é necessário redimensioná-lo, reduzir os seus custos de produção, e também criar um fundo de prevenção que, em época de crise, garanta a pujança de um sector que garante um potencial exportador, de criação de emprego e solidez económica das famílias.
Para continuar a exercer um papel fundamental de argamassa do tecido económico e de coesão social, as cooperativas agro-industriais terão de ser reconhecidas como entidades de interesse público; terão de ser obrigadas a ter Revisor Oficial de Contas, criando o Estado um fundo para evitar os avais dos directores, dado que, paradoxalmente, estes podem ser afastados pela Assembleia Geral, mas os avais mantém-se se os bancos assim o exigirem.
Este plano de reestruturação, a “cereja no topo do bolo” é promover o saneamento financeiro e a concentração das actuais cooperativas, impondo mudanças organizacionais e estatutárias: por ex. nas votações de uma pessoa/cooperante, um voto; cada unidade de produção ou transacção na cooperativa, um voto; quem forneça 100t de fruta tem que ter mais dez votos, face a quem só fornece 10t.
Falar de reestruturação do sector cooperativo é falar também na reestruturação de quadros e de formação. Para criar uma massa crítica mais habilitada a lidar com o sector cooperativo numa perspectiva de negócio.
É necessário dotar o sector cooperativo agro – industrial de uma perspectiva profissional, com definição de objectivos, prioridades, planos, metas e missões específicas. Só assim poderemos falar de uma reestruturação robusta, e com chances claras de êxito e sustentabilidade.
A AAP, sendo um parceiro estratégico dos agricultores, permite a obtenção de economias de escala, essencial para garantir competitividade nos mercados.
Realço que a AAP utilizou todas as ajudas financeiras disponibilizadas
para investimento, desde 1986, ano da entrada de Portugal na CEE, mas infelizmente o poder político não teve o cuidado de promover o financiamento contínuo desta actividade.
Os investimentos foram realizados numa lógica produtiva e só nos anos mais recentes se assistiu a investimentos em melhor organização e gestão dos processos. Notou-se a falta de uma marca forte associada a estratégias de distribuição e comunicação, e correspondente promoção nos mercados internacionais.
Nesta perspectiva importa referir que existem grandes potencialidades de exportação para produtos da AAP que apresentam vantagens comparativas.
Para se ser competitivo no contexto internacional e nacional, os caminhos a seguir são os da especialização, inovação e diferenciação.
A aposta na exportação do sector cooperativo é decisiva. Termino com o exemplo de um empresário, que se não tivesse investido no estrangeiro, não teria crescido mais de 10% ao ano, e que na realidade tem conseguido crescimentos anuais acima dos 200%.
É deste tipo de exemplos que Portugal necessita, não como excepção, mas como regra para promover as exportações de produtos agrícolas portugueses e o incremento da competitividade da AAP.
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