"Crédito Tipo Habitação" para a Agricultura

O Semanário Vida Económica publicou ontem o seguinte artigo:

CGD ao serviço
da economia

José Martino (engenheiro agrónomo)
Josemartino.blogspot.com
É preciso colocar a Caixa Geral de Depósitos ao serviço da economia portuguesa, ao serviço de quem quer produzir, gerar riqueza e criar postos de trabalho. Uma das ferramentas essenciais para a implementação do banco de terras público é a criação de uma linha de crédito a exemplo do que sucede no crédito á habitação. Se eu pretendo comprar uma casa ou um apartamento, o banco pede-me um documento, neste caso o IRS, que comprove os meus rendimentos para me aprovar um empréstimo a 25/30 anos. Agora que o país precisa de produzir, porque é que não existe um mesmo princípio para comprar terras?
Na minha opinião faz mais sentido emprestar para produzir bens transaccionáveis, para criar condições para que se possa produzir, dando como garantia o rendimento do trabalho, tal como na compra de uma casa – só que a casa não é um bem transaccionável, fica-se uma vida inteira a pagá-la mas ela não gera nada, só gera custos.
Se, pelo mesmo princípio, aplicar 200 mil euros na aquisição de uma terra, tenho um instrumento de trabalho que vai permitir a produção de bens de consumo, que diminuirão as importações e podem gerar exportações – é este tipo de instrumentos que é necessário apoiar e estimular.
Agora que há pouca liquidez bancária, o Governo não pode lavar as mãos e atirar o ónus todo para a banca. O Governo é o principal accionista da Caixa Geral de Depósitos (CGD), pelo que devia dar-lhe indicações no sentido de criar instrumentos de apoio à agricultura, de apoio à produção de bens transaccionáveis, que substituíssem importações e gerassem exportações – só assim podemos resolver o problema da dívida.
Se a economia portuguesa não crescer – e a agricultura tem uma quota parte muito grande neste desafio -, nunca conseguiremos ultrapassar o problema da crise, que é, essencialmente, uma crise económica. Mas esta crise económica é uma oportunidade para este tipo de instrumentos, inovadores, vingarem.

Comentários

Sara Silvestre disse…
Gostei do seu blog. Sou estudante do curso de Engenharia Alimentar e o seu blog considero-o bastante directo e crítico face ás questões agrícolas e agro-industriais. Gostei. Vou continuar a passar por aqui.

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