Castanha do Litoral (Minho e Douro Litoral)
Paulo
Moreira disse:
"Sr. Eng. José Martino,
Começo por dar os meus parabéns pelo seu excelente blogue, um óptimo meio para motivar os nossos jovens para a agricultura, uma actividade que creio poder ser o futuro de muitos portugueses, nomeadamente aqueles que não querem sair do nosso país.
Há cerca de 10 anos, aproveitando a disponibilidade de tempo do meu pai, na altura recém reformado e com um gosto enorme pela agricultura, abdicamos de metade de uma plantação de eucaliptos, numa propriedade com cerca de 3 ha em Lever, aqui bem perto da sua Foz do Sousa, para plantar castanheiros. Na altura a ideia era cortar um pouco a má imagem dos eucaliptos, nomeadamente na frente de estrada. Posteriormente, o meu pai começou a se interessar pelos castanheiros, lendo alguns livros sobre a espécie, apostando em aprender tudo o que pudesse sobre a sua enxertia. Aqui na freguesia existiam, na altura, 3 ou 4 castanheiros muito antigos que, sem qualquer tipo de tratamento, produziam castanhas de excelente qualidade, que mais recentemente confirmei serem da variedade judia. Após vários anos a plantar novas árvores e a enxertar, principalmente Judia e Bouche de Betizac, temos hoje cerca de 120 castanheiros em vários estados de desenvolvimento. O ano passado já produzimos cerca de 400 kg de castanha, que, com relativa facilidade, conseguimos vender na freguesia. A particularidade dos nossos castanheiros é que começam a produzir na primeira quinzena de Setembro - Bouché de Betizac e terminam na última quinzena de Outubro - uma sub variedade de Judia que tem uma maturação um pouco mais tardia. A qualidade da castanha parece ser muito boa, mas a época da colheita coloca alguns desafios à sua conservação e comercialização. Se hoje 400 Kg é uma brincadeira, daqui a meia dúzia de anos pode ser uma coisa mais séria, podemos estar a falar de 5 ou 6 ton.de castanha ( o castanheiro mãe Bouché de Betizac tem cerca de 8 anos e o ano passado já produziu cerca de 60 kg).
Hoje as castanhas são um passatempo e uma paixão para o meu pai, que não olha para a actividade numa perspectiva de negócio, mas com os anos a disponibilidade e capacidade do meu pai vão diminuir, obrigando-me, quanto mais não seja por respeito ao meu pai, a olhar para o pequeno souto de outra forma. Neste momento a minha vida profissional não me deixa muito tempo livre, mas da maneira que este país está, nunca se sabe se um dia terei que olhar para isto mais a sério.
Depois de o maçar com toda esta história, queria perguntar o que me aconselha para poder comercializar as minhas castanhas, caso continue a ter pouco tempo para investir no negócio. Será que podem existir interessados (cooperativas, grossistas, etc...) em castanhas tão precoces?
Antecipadamente grato pela disponibilidade em ler este mail e por uma eventual resposta.
Cumprimentos,
Paulo Moreira
PS: Peço desculpa por ter enviado este comentário por mail, mas desconhecia as regras do seu blogue."
Comentários:
1 - A fileira do castanheiro é das poucas que apresenta saldo positivo quando se valorizam as exportações e as importações de castanha.
2 - Na minha opinião não precisa de ter muito tempo disponivel para ter na produção de castanhas uma atividade rentável e interessante.
3 - Parece-me que para souto localizado em Lever, Vila Nova de Gaia, deveria apostar nas variedades precoces de castanha, amareal e os hibridos franceses, em lugar das variedades judia ou longal porque tirará partido da comercialização das castanhas com melhores preços no mês de setembro do que competir com a melhor qualidades das castanhas de Trás-os-Montes e Beiras durante o mês outubro.
4 - Deverá ter uma maior quantidade das variedades de castanha indicadas em 3) e ligar-se a um comerciante especializado em castanha (Agromontenegro, Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, Agroaguiar, Sortegel, Alcindo e Irmão, etc.)
"Sr. Eng. José Martino,
Começo por dar os meus parabéns pelo seu excelente blogue, um óptimo meio para motivar os nossos jovens para a agricultura, uma actividade que creio poder ser o futuro de muitos portugueses, nomeadamente aqueles que não querem sair do nosso país.
Há cerca de 10 anos, aproveitando a disponibilidade de tempo do meu pai, na altura recém reformado e com um gosto enorme pela agricultura, abdicamos de metade de uma plantação de eucaliptos, numa propriedade com cerca de 3 ha em Lever, aqui bem perto da sua Foz do Sousa, para plantar castanheiros. Na altura a ideia era cortar um pouco a má imagem dos eucaliptos, nomeadamente na frente de estrada. Posteriormente, o meu pai começou a se interessar pelos castanheiros, lendo alguns livros sobre a espécie, apostando em aprender tudo o que pudesse sobre a sua enxertia. Aqui na freguesia existiam, na altura, 3 ou 4 castanheiros muito antigos que, sem qualquer tipo de tratamento, produziam castanhas de excelente qualidade, que mais recentemente confirmei serem da variedade judia. Após vários anos a plantar novas árvores e a enxertar, principalmente Judia e Bouche de Betizac, temos hoje cerca de 120 castanheiros em vários estados de desenvolvimento. O ano passado já produzimos cerca de 400 kg de castanha, que, com relativa facilidade, conseguimos vender na freguesia. A particularidade dos nossos castanheiros é que começam a produzir na primeira quinzena de Setembro - Bouché de Betizac e terminam na última quinzena de Outubro - uma sub variedade de Judia que tem uma maturação um pouco mais tardia. A qualidade da castanha parece ser muito boa, mas a época da colheita coloca alguns desafios à sua conservação e comercialização. Se hoje 400 Kg é uma brincadeira, daqui a meia dúzia de anos pode ser uma coisa mais séria, podemos estar a falar de 5 ou 6 ton.de castanha ( o castanheiro mãe Bouché de Betizac tem cerca de 8 anos e o ano passado já produziu cerca de 60 kg).
Hoje as castanhas são um passatempo e uma paixão para o meu pai, que não olha para a actividade numa perspectiva de negócio, mas com os anos a disponibilidade e capacidade do meu pai vão diminuir, obrigando-me, quanto mais não seja por respeito ao meu pai, a olhar para o pequeno souto de outra forma. Neste momento a minha vida profissional não me deixa muito tempo livre, mas da maneira que este país está, nunca se sabe se um dia terei que olhar para isto mais a sério.
Depois de o maçar com toda esta história, queria perguntar o que me aconselha para poder comercializar as minhas castanhas, caso continue a ter pouco tempo para investir no negócio. Será que podem existir interessados (cooperativas, grossistas, etc...) em castanhas tão precoces?
Antecipadamente grato pela disponibilidade em ler este mail e por uma eventual resposta.
Cumprimentos,
Paulo Moreira
PS: Peço desculpa por ter enviado este comentário por mail, mas desconhecia as regras do seu blogue."
Comentários:
1 - A fileira do castanheiro é das poucas que apresenta saldo positivo quando se valorizam as exportações e as importações de castanha.
2 - Na minha opinião não precisa de ter muito tempo disponivel para ter na produção de castanhas uma atividade rentável e interessante.
3 - Parece-me que para souto localizado em Lever, Vila Nova de Gaia, deveria apostar nas variedades precoces de castanha, amareal e os hibridos franceses, em lugar das variedades judia ou longal porque tirará partido da comercialização das castanhas com melhores preços no mês de setembro do que competir com a melhor qualidades das castanhas de Trás-os-Montes e Beiras durante o mês outubro.
4 - Deverá ter uma maior quantidade das variedades de castanha indicadas em 3) e ligar-se a um comerciante especializado em castanha (Agromontenegro, Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, Agroaguiar, Sortegel, Alcindo e Irmão, etc.)
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