Lições da Agricultura Neozelandesa (2)
Continuo com os comentários sobre a Nova Zelândia e a sua agricultura, desta vez com base no artigo que o presidente da SOGRAPE escreveu e que o Expresso publicou:
1 - A internacionalização da SOGRAPE passou por duas fases: a primeira pela exportação dos vinhos portugueses e a segunda pela produção de vinhos noutros países, sobretudo no hemisfério sul, nos quais se inclui a Nova Zelândia.
2 - A estratégia de instalação passa pela verticalização da intervenção através de compra de empresas com vinha, que fazem vinhos e que os comercializam.
3 - A Nova Zelândia é um país em que a vinha tem os maiores índices de rentabilidade porque há conhecimento vitícola a ser produzido e aplicado para gerar valor acrescentado, bem como são possiveis conjugações/cooperações empresariais impensáveis em qualquer outro país, utilização das adegas por mais do que uma empresa e fileira organizada com base na prestação de serviços.
4 - A operação de internacionalização na Nova Zelândia traz à SOGRAPE grande prestigio internacional e excelentes resultados para o investimento que realizou neste país.
5 - A SOGRAPE é um exemplo na sua internacionalização que deve ser seguido por outros players nacionais.
6 - A organização vitivinícola neozelandesa deve ser estudada e adpatada com o objetivo de encontrar soluções para os problemas de rentabilidade e de mercado na vitivinicultura douriense.
7 - Na minha perspetiva colocar mais 10M€ na promoção dos vinhos do Porto e Douro é uma pequena ajuda, mas nem de perto nem de longe a solução para os estrangulamentos e problemas que esta região sofre desde há alguns anos
A Sogrape nasceu há
70 anos com o objetivo de "mostrar os vinhos portugueses ao mundo". A vocação
internacional da empresa ficou assim alinhada desde a primeira hora, hoje
consolidada através da presença das suas marcas em mais de 125 mercados nos
cinco continentes.
1 - A internacionalização da SOGRAPE passou por duas fases: a primeira pela exportação dos vinhos portugueses e a segunda pela produção de vinhos noutros países, sobretudo no hemisfério sul, nos quais se inclui a Nova Zelândia.
2 - A estratégia de instalação passa pela verticalização da intervenção através de compra de empresas com vinha, que fazem vinhos e que os comercializam.
3 - A Nova Zelândia é um país em que a vinha tem os maiores índices de rentabilidade porque há conhecimento vitícola a ser produzido e aplicado para gerar valor acrescentado, bem como são possiveis conjugações/cooperações empresariais impensáveis em qualquer outro país, utilização das adegas por mais do que uma empresa e fileira organizada com base na prestação de serviços.
4 - A operação de internacionalização na Nova Zelândia traz à SOGRAPE grande prestigio internacional e excelentes resultados para o investimento que realizou neste país.
5 - A SOGRAPE é um exemplo na sua internacionalização que deve ser seguido por outros players nacionais.
6 - A organização vitivinícola neozelandesa deve ser estudada e adpatada com o objetivo de encontrar soluções para os problemas de rentabilidade e de mercado na vitivinicultura douriense.
7 - Na minha perspetiva colocar mais 10M€ na promoção dos vinhos do Porto e Douro é uma pequena ajuda, mas nem de perto nem de longe a solução para os estrangulamentos e problemas que esta região sofre desde há alguns anos
O sucesso (também) no novo mundo
Salvador Guedes, presidente da Sogrape |
Não admira pois que, no cumprimento desta estratégia, se tenha
tornado natural, a partir do final dos anos 90, que a Sogrape entrasse no sector
produtivo de outras latitudes com elevado potencial vitícola - Argentina, Chile
e Nova Zelândia -, complementando desta forma o investimento que a empresa
também tem vindo a efetuar na área da distribuição e reforçando assim a sua
posição no mercado global.
Esta exportação do seu processo produtivo para o novo mundo
fez-se através de aquisições de unidades que têm em comum a verticalização da
sua atividade (desde a vinha, à vinificação, engarrafamento e comercialização
dos seus vinhos), permitindo à Sogrape ganhos importantes em termos de controlo
do seu processo e um mais correto posicionamento como empresa global do sector
vitivinícola internacional.
No caso concreto da Nova Zelândia, a geografia onde regista os
mais elevados índices de crescimento e rentabilidade, pelo elevado preço de
exportação dos seus vinhos, a aquisição em 2008 da Framingham - empresa-boutique
responsável pela produção de vinhos na famosa região de Marlborough - tem-se
revelado de primordial importância para a Sogrape ganhar prestígio e uma
crescente notoriedade de todo o seu portefólio nos mercados de maior sucesso no
panorama internacional.
Além disso, a Framingham abriu à Sogrape a possibilidade de
produzir vinhos diferentes, com castas frescas e frutadas de climas temperados,
tais como as brancas Sauvignon Blanc e Riesling, e a tinta Pinot Noir,
acrescendo ganhos significativos de know how ao nível da viticultura, e
da viticultura orgânica em particular, muito desenvolvida nesta geografia.
A adaptação da Sogrape à Nova Zelândia e à sua cultura foi
particularmente fácil, graças à calorosa hospitalidade e informalidade do seu
povo - os kiwis - e à grande racionalidade que revela para congregar esforços e
investimentos em busca dos melhores resultados. (Em Marlborough, por exemplo, é
comum várias empresas partilharem adegas e quase todos os produtores contratam o
serviço de engarrafamento a duas unidades da região...)
Hoje, quatro anos volvidos, podemos dizer que a Framingham,
fruto do trabalho, do investimento e do intercâmbio de conhecimentos, é uma
aposta ganha, com a distribuição a crescer de seis para 40 mercados e a empresa
a duplicar o valor das vendas sem alterar o seu posicionamento.
Não será por acaso, aliás, que o vinho Framingham F-Series
Riesling Auslese 2011, produzido na Nova Zelândia pela Sogrape, acaba de ser
eleito o melhor vinho desta casta numa prova cega dos maiores especialistas
mundiais, ou ser ainda considerado, pela prestigiada jornalista britânica Jancis
Robinson, o melhor vinho da região de Marlborough que alguma vez provou...
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