Será possível fazer uma ação de larga escala ao longo do território nacional para modernizar a agricultura e floresta de Portugal?
Assisti ontem à intervenção que o Eng. Martino fez sobre o PISTÁCIO,
no AGROMEETING “NOVAS CULTURAS” onde recordou
as culturas que promoveu ao longo da sua vida profissional, com o objetivo de encontrar
novos produtores, como sejam pistácio, pequenos frutos, kiwis, vinha, etc. E fiquei
com uma dúvida que gostava que esclarecesse: será possível fazer uma ação de
larga escala ao longo do território nacional para modernizar a agricultura e
floresta de Portugal?
Comentários:
1. A crise económica de 2008-2016 e a intervenção da troika fizeram uma mudança de mentalidade na sociedade portuguesa relativa à visão da agricultura de Portugal: no passado os portugueses não davam grande importância ao valor económico e social das terras agrícolas, ao papel da agricultura na produção de alimentos, no equilíbrio em valor da balança agroalimentar, etc. e com a crise passaram a assumir outro papel e dar outro valor ao mundo rural que produz alimentos, que ocupa o território, que cria emprego e gera valor económico e social.
1. A crise económica de 2008-2016 e a intervenção da troika fizeram uma mudança de mentalidade na sociedade portuguesa relativa à visão da agricultura de Portugal: no passado os portugueses não davam grande importância ao valor económico e social das terras agrícolas, ao papel da agricultura na produção de alimentos, no equilíbrio em valor da balança agroalimentar, etc. e com a crise passaram a assumir outro papel e dar outro valor ao mundo rural que produz alimentos, que ocupa o território, que cria emprego e gera valor económico e social.
2. Da minha longa experiência com candidaturas às ajudas financeiras
públicas de apoio à agricultura, sobretudo ao investimento, posso afirmar que
foi desde a intervenção da troika e até 2016 que o sistema de candidaturas funcionou
melhor em Portugal desde que há ajudas da União Europeia para a agricultura
(1987), porque houve orçamento disponível para aprovar candidaturas, aprovação
e pagamentos em tempo útil. Verificaram-se no campo, mesmo à vista desarmada de
não especialistas, mais terrenos limpos, novas plantações, vedações, animais,
armazéns, charcas, etc. e sobretudo uma nova posição da sociedade face à agricultura,
enquanto no passado havia vergonha de ser agricultor, a partir desta altura
passou a estar na moda investir na agricultura, ser jovem agricultor passou a
ser cool. Esta eficiência nos apoios gerou um nível de procura superior à
oferta, seria necessário ter orçamento pelo menos 3 vezes superior ao que tem
estado disponível.
3. A procura gerada, conforme o indicado em 2., se fosse potencializada/alimentada
com o nível de orçamento para adequado para dar resposta à procura de todas as
boas candidaturas (na minha opinião, são
necessários, no mínimo, mais 300 M€/ano de orçamento adicional para agricultura
+ 300 M€/ano para a floresta, ao longo de um dois quadros comunitários (14
anos)). Com a alocação destes montantes ao longo desse tempo haveria superavit
no valor da balança do complexo agroalimentar (tem défice de 3800 M€ e não há prognóstico nem data prevista para atingir o
equilíbrio) faria com que o valor da PIB agrícola e da agroindústria tivessem pelo menos o dobro do
peso atual e a criação de valor acrescentado seria significativamente positivo.
4. Junto com a alocação do orçamento indicada em 3. teria de
ser lançado um banco de terras nacional em que o Estado arrendaria as terras aos
proprietários que voluntariamente as lá colocassem e subarrendaria aos empreendedores
para 1.ª instalação/agricultores/empresários. O pagamento da renda pelo Estado
seria equivalente ao pagamento dos juros do capital fundiário “terra”. O
subarrendamento corresponderia aos empréstimos que o banco concede dos capitais
que tem em depósitos. O objetivo do banco de terras seria fazer o emparcelamento
funcional, as terras de vários proprietários seriam utilizadas pela mesma
exploração agrícola/florestal.
5. Por último, seria necessária lançar uma ação de formação
profissional a nível nacional, de larga escala, uma espécie de vaga, moda, que
promovesse a frequência de cursos profissionais, em que cada um dos intervenientes
na agricultura/floresta, empresários, chefes de exploração, operadores especializados,
mão de obra sazonal, etc. sentissem um impulso para o efeito, porque teriam
pressão positiva da envolvente externa para serem mais competentes do ponto de vista
profissional, saberem mais, serem muito eficientes e eficazes nos respetivos
trabalhos.
6. Respondendo diretamente à sua questão: é possível montar
uma ação política de larga escala para modernizar as agriculturas e as
florestas de Portugal. Como? Basta fazer montar o plano de ações tendo em conta
o indicado em 3., 4. e 5.
Comentários