Jovens agricultores: é só fazer as contas! Artigo Jornal de Negócios por José Martino 29 de outubro de 2018 às 20:14
Há pouco mais de dois meses, neste mesmo jornal de referência, o Governo anunciava a abertura de concursos para atrair jovens para o setor agrícola e para uma reforma estrutural nas agriculturas de Portugal.
O ministro da Agricultura afirmava então: "Até ao momento, neste quadro comunitário, já foram aprovados 3.110 projetos de jovens agricultores."
Ou seja: 3.110 projetos em cinco anos (QCA 2014/2018), 622 projetos por ano.
Continuo a dar a palavra ao ministro Capoulas Santos: "Este é um esforço que temos de prosseguir, neste e no próximo quadro…" Sendo esta "uma grande prioridade do Governo", Capoulas Santos traçou o objetivo até 2020: "A nossa meta neste quadro comunitário de apoio é instalar 7.000 jovens agricultores."
Ou seja: até 2020, mais 3.890 projetos de jovens agricultores aprovados e financiados.
Recapitulando: 2014/2018 (cinco anos) - 3.110 projetos = 622/ano; até 2020 (dois anos) - 3.890 projetos = 1.945/ano.
Não me custa acreditar na bondade das palavras do sr. ministro da Agricultura.
Mas este é um daqueles casos em que a retórica política (ilusão) choca com a realidade.
Quando também fazemos contas aos concursos, máquinas do Ministério da Agricultura para as tramitar e ao total dos fundos públicos necessários para financiar esta intenção, que acredito ser feita de boa-fé, de Capoulas Santos, lembramo-nos da célebre frase do ministro da Saúde: "Somos todos Centeno", e levantamos um pouco o sobrolho em jeito de dúvida metódica.
O total de fundos financeiros públicos alocados e alocar aos jovens agricultores até 2020 para se cumprir a atual meta do Governo será de quase mil milhões de euros. Mário Centeno não deve achar muita piada a estas contas a menos que sejam retirados fundos a outras medidas e ações do PDR2020. Como a reprogramação do quadro comunitário ocorreu recentemente conclui-se que...
Quanto às contas do ministro da Agricultura, cá estaremos para ver se vão bater certo. Ou se não passam de mero truque de ilusionismo.
Enfim... quando os políticos querem mesmo as coisas acontecem, reais ou virtuais. Caro leitor é só fazer as contas e tirar as conclusões…!
Empresário e consultor agrícola
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