A REFORMA FLORESTAL NÃO REFORMA O RISCO ELEVADO DE GRANDES INCÊNDIOS RURAIS - 3 ANOS DEPOIS DA TRAGÉDIA DE PEDROGÃO GRANDE
Eng. José Martino, viva,
Considera que o governo já fez a reforma
florestal ou ainda irá sair mais legislação para juntar a todo o pacote legal
que começou no governo anterior após os fogos de 2017? Dado que depois de amanhã
faz 3 anos sobre o grande fogo e tragédia de Pedrogão Grande, acha que Portugal
está livre de uma tragédia semelhante? Há condições para o governo poder
garantir que não irão arder centenas de milhares de hectares de floresta e
mato?
Comentários:
1. No passado dia 21 de maio o Conselho de Ministros aprovou:
1.1. Plano Nacional de Gestão Integrada
de Fogos Rurais (PNGIFR); 1.2. Resolução que cria o Programa de Transformação
da Paisagem (PTP);
1.3. Decreto lei que atribui aos
municípios das áreas territoriais de cada uma das ações de arborização e
rearborização a competência para as autorizar, desde que disponham de gabinete
técnico florestal, e com exceção das ações relacionadas com eucaliptos e das
ações em áreas protegidas e na rede natura;
1.4. As ações integradas em candidaturas
no âmbito de programas de apoio financeiro com fundos públicos ou da União
Europeia deixam de estar dispensadas de autorização e de comunicação prévia;
1.5. Diminuição dos prazos de comunicação do início de execução das ações de
arborização e rearborização;
1.6. Estabelecimento de uma percentagem do produto das coimas (25%) reverte
para o Fundo Florestal Permanente (reduzindo-se a percentagem afeta ao Estado);
1.7. Decreto-lei que cria o programa
"Emparcelar para Ordenar";
1.8. Decreto-lei que altera o regime jurídico aplicável aos sapadores
florestais, às equipas e às brigadas de sapadores florestais no território
continental;
1.9. Decreto-lei que aprova o regime do manifesto de corte, corte
extraordinário, desbaste ou arranque de árvores e da rastreabilidade do
material lenhoso;
1.10. Resolução que prevê a criação da Estrutura de Missão para o Conhecimento
do Território;
1.11. Resolução que regula o modelo de governação para a execução do Programa
Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT);
1.12. Diretrizes de planeamento e gestão, as ações prioritárias e o sistema de
monitorização do Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem das Serras de
Monchique e Silves;
1.13. Decreto-lei que aprova o regime jurídico da reconversão da paisagem
através de Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem e de Áreas
Integradas de Gestão da Paisagem, que conferem especial relevo não apenas à
vertente patrimonial da reconversão, mas também à integração e coordenação da
intervenção, salientando-se a necessidade de atingir soluções coerentes entre
os aspetos funcionais, económicos, sociais, culturais e ambientais das áreas a
intervencionar.
2. Como o leitor pode verificar a reforma
florestal que começou há 3 anos, a maior reforma florestal desde D. Dinis e que
se traduz em produzir legislação, ainda não parou de se reformar e não vislumbro
quando irá terminar, sendo preocupante não se poder prever quando irá produzir
resultados.
3. Claro que não há condições para
garantir que as tragédias com fogos rurais tal como aconteceu em 2017, não irão repetir-se. Enquanto não diminuir
a massa combustível nas florestas, matos e terrenos agrícolas, ninguém e muito
menos o governo, podem assumir que Portugal está melhor. O jornal Público noticiou no passado dia 6 de
junho que Observatório Técnico Independente (OTI) para análise, acompanhamento e avaliação dos
incêndios florestais e rurais teceu duras críticas ao Plano Nacional de Gestão
Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR) (https://www.publico.pt/2020/02/06/politica/noticia/observatorio-tece-duras-criticas-plano-governo-incendios-1903147).
4. Não há condições para o governo poder garantir que não irão arder centenas de milhares de hectares quando a primavera que agora termina foi chuvosa e quente, grande crescimento da massa vegetativa, últimos tempos muito ventosos, faltando juntar-lhes, para a catástrofe poder ocorrer, os golpes de calor no verão, temperaturas acima dos 40.ºC e muito baixa humidade relativa do ar. Sem faixa de interrupção de combustível com largura de 500 m com malha de 10 km por 10 km, não é possível garantir que não haverá neste ano grandes incêndios rurais.
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