Fazer a Reforma Florestal - Colocar Orçamento e Controlar a Massa Combustível

 

Bom dia, Eng. José Martino,

Li o que escreveu sobre a reforma florestal e fico com a ideia que está contra o governo. Pergunto: acha que seria possível fazer melhor do que governo Costa tem feito, sobretudo através do trabalho árduo do Secretário de Estado do governo anterior, Miguel Freitas?

Espero que não fuja ao desafio lançado pelas questões acima e responda por estes dias em que passam 3 anos da tragédia de Pedrogão Grande.

Cumprimentos,

Comentários:
1. Escrevi no passado dia 15 de junho um post neste blog sobre o tema que me questiona, mas há muito tempo que assumo posições públicas muito duras relativas à floresta (ver entrevista á SIC Notícias de julho de 2017:
https://www.facebook.com/JoseMartinoCEO/videos/146630682562633/

2. Estou cético sobre o alcance da reforma florestal, porque passados 3 anos desde a 1.ª grande tragédia, na minha opinião ainda não se foi ao fundo da questão, apesar das melhorias efetivas nos meios aéreos disponíveis, dispositivo de combate e  o trabalho da proteção civil e polícia à frente do incêndio a retirar a população para evitar mortes.

3. Verifico na comunicação social que há por esse mundo fora, cada mais maior número de incêndios rurais de grande dimensão devido a vagas de calor, baixa humidade relativa e vento. Nestas condições a única forma de não arder é não haver massa combustível, ou melhor, é imprescindível a existência de descontinuidade, mosaicos alternados entre massa combustível e ausência de massa combustível.

4. O indicado em 3. ou se faz, ou não se faz. Na minha opinião, o governo anda a assumir riscos muito elevados porque não utiliza uma estratégia musculada para atacar o problema, implementar a expropriação de uso, arrendamento compulsivo das superfícies onde não pode haver massa combustível, gestão de combustível e gestão florestal nas superfícies estratégicas para controlo dos incêndios rurais.

5. Implementar fogo controlado durante o inverno para intervir entre 100 000 a 200 000 hectares de florestas, matos e terrenos agrícolas abandonados, junto com implantação de vinhas, medronheiro e pastagens nestas faixas de interrupção de combustível.

6. Esta estratégia pressupõe, na minha opinião pelo menos um orçamento de 300 M€ por ano para a floresta sobretudo, prevenção/gestão florestal e na perspetiva do governo entre 500 a 600 M€ por ano.

7. A pergunta que fica no ar é, quais as razões que explicam que ainda não se tenha passado à ação no terreno para diminuir de forma significativa a massa combustível, nota-se pelo contrário que continua a aumentar dada a primavera ter sido chuvosa?

8. É claro que o governo ainda não disponibilizou o orçamento que identificou como necessário, está à espera dos fundos financeiros do próximo quadro financeiro de ajudas europeias de 2021 a 2027, pelo que, é expectável que tal aconteça em 2021 ou na pior das hipóteses em 2022.

9. O Ex- Secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, assumiu em entrevista ao jornal Público que falta orçamento, dinheiro para a floresta e sem ele não há milagres para fazer a gestão florestal necessária e suficiente para garantir a respetiva sustentabilidade com limitação da superfície ardida.

10. Este ou outro governo terá de fazer melhor na gestão de massa combustível, sob pena de haver conjugação material para arder e condições climáticas propícias para tal e termos de novo incêndios rurais de grandes dimensões e muito provavelmente, tragédias humanas.


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