Fazem sentido para os agricultores as manifestações da CAP ?

Passo a citar o DN de ontem com a notícia da primeira manifestação da CAP:

"O primeiro protesto da Confederação da Agricultura de Portugal, depois de quatro anos sem manifestações, ficou aquém das expectativas. Em dia de feiras, semanal e do gado, a CAP escolheu Viseu para voltar a sair à rua. A manifestação foi travada pela PSP e, no final, agricultores e governador civil, que autorizou a manifestação, trocaram acusações.
Manhã cedo, já os agricultores se concentravam na Feira do Gado, vigiados de perto pela PSP. O presidente da CAP prometeu "milhares de agricultores nas ruas", mas não atingiram duas centenas. Seguiram em cortejo até ao centro da cidade, mas foram barrados pela PSP. Adérito Ferreira, produtor de leite do Sátão, parou o tractor e durante duas horas agricultores e polícias travaram-se de razões. "A manifestação foi autorizada e tem que seguir", dizia Adérito. Mas a PSP não permitiu. "As máquinas não podem entrar na cidade", disse o comandante. Com um monumental engarrafamento na cidade, os lavradores desmobilizaram. Mas "não perdoam ao governador civil, a quem queriam "entregar um manifesto", lembrou o presidente dos Criadores de Gado da Beira Alta. Como este não se deslocou ao local e os manifestantes se recusaram a ir a pé, ficou a ameaça: "em Outubro teremos novo protesto".
O presidente da CAP diz que "este foi o primeiro de muitos protestos" e promete "mais mobilização nos próximos". João Machado justificou o regresso às manifestações com "a necessidade de fazer chegar aos ouvidos de um Governo surdo e cego o desgoverno que provocou no sector"."

Afinal a vida está dificil para a CAP, pois apesar dos problemas existentes no Ministério da Agricultura com os agricultores, não consegue mobilizar as suas Associações e estas os agricultores interessados.
Porque não consegue o associativismo capitalizar as razões de descontentamento dos agricultores?

Sentem os agricultores que as suas Associções/Confederações lhes prestam os serviços que têm necessidade?

Faz sentido que as Associações continuem a ser financiadas pelo Estado?

Será que assiste alguma razão ao Ministro da Agricultura no seu braço de ferro que trava com a CAP há alguns anos?

A oposição ao governo na sua lógica de capitalização do descontentamento do Mundo Rural ao juntar-se à CAP não irá futuramente ficar refém de uma política que já comprovou que não serve os interesses da maioria dos agricultores?

Comentários

José Silva disse…
Faz sentido que as Associações continuem a ser financiadas pelo Estado?

-> E como é feito esse financiamento?
José Martino disse…
As associações devem ser financidas pelo Estado na medida em que objectivamente e de forma mensurável prestem serviços aos agricultores e à agricultura portuguesa. O financiamento devia ser objectivo e estar previsto na lei para que as confederações possam defender os interesses sócio-profissionais dos seus associados sem correrem o risco de serem asfixiadas financeiramente. Houve confederações que no passado tiveram que moderar as suas criticas ao governo para não terem que fechar as portas por corte de financiamento do Estado.
José Silva disse…
Mas a CAP parece não ter problemas com esse tipo de cortes?
Será porque tem autonomia financeira?
Creio que as críticas devem sempre ser moderadas, isto é, construtivas e oportunas.
Mais que criticar, seria bem melhor participar atempadamente na tomada de decisões.

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