Notícia do Jornal Correio da Manhã!

Afinal todos temos culpa pelo estado actual da Agricultura Portuguesa. Eu trabalho todos os dias para que melhore. Contribuo de forma cívica e voluntária para a mudança nos pontos em que estão ao alcance da minha acção. Vejamos o que nos conta o "Correio da Manhã":

"A Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, é a principal montra do sector e este ano começou com um facto insólito. Na inauguração não esteve presente nenhum membro do Governo. O episódio revela o clima de guerra entre a CAP e o ministro da Agricultura. João Machado, presidente da mais poderosa organização de agricultores, diz ao CM que o ministro Jaime Silva e José Sócrates podem ir à feira “livremente, desde que paguem bilhete”.
O mundo rural vive uma grave crise, sem ânimo e sem futuro. Mas Jaime Silva não é culpado de tudo. É evidente que poderia ter feito mais e melhor, mas o estado desastroso da agricultura tem mais culpados. Até a má organização dos próprios agricultores. Por exemplo, há vários produtores estrangeiros, especialmente holandeses e dinamarqueses, que se instalaram em Portugal e que não se queixam, e até têm bons resultados, quer seja no vinho, nos cereais ou no leite.
Mas o grande problema da agricultura nacional, refere Armando Esteves Pereira, director-adjunto do Correio da Manhã, em artigo de opinião, é a distribuição, que impõe condições leoninas para os agricultores colocarem os seus produtos. É muito caro e difícil os agricultores colocarem os produtos nas prateleiras dos hiper e supermercados. E o último ataque à agricultura e à agroindústria portuguesas são as marcas brancas, mais baratas para os consumidores, mas com origem desconhecida.

Comentários

José Silva disse…
Viva!
Muitos parabéns por mais esta obra!
E conseguiu guardar 'segredo' tanto tempo...?

Quanto às marcas brancas, creio que são resultado das fraquezas dos produtores. Falta de massa crítica? Para que servem as Associações?

Um abr@ço
jlaranjo disse…
A agricultura não se soube, em devido tempo, organizar para enfrentar os novos mercados, que não são mais a mercearia ao pé da porta. Por isso, os produtos não se vendem e estão desvalorizados. E, nisto parece-me que a culpa é de todos. Faltará cultura empresarial moderna no sector agrícola e nos seus dirigentes?
José Martino disse…
Como podem as Associações (Entidades que defendem interesses sócio-profissionais dos seus associados) combater as marcas brancas da distribuição?
Convocam manifestações e acções de protesto? (entram nos supermercados enchem com os carrinhos com a mais variada gama de artigos e deixam-nos ficar no interior da loja e saem sem pagar?)
José Martino disse…
Como se coloca cultura empresarial na agricultura?
Quem exerce liderança na agricultura portuguesa nesta altura de mudança de paradigma estratégico e de instabilidade económica? Os políticos? Os responsáveis das confederações? Os professores universitários?
José Silva disse…
Bem, as manifestações servem para o que servem. Normalmente revelam falta de diálogo e (algum) desespero.
As associações representam os (seus) associados, propõem e facilitam o diálogo, têm mais peso na defesa dos interesses em jogo. Talvez se possa "entender" como aparecem as marcas brancas, cada caso de marca branca. Por exemplo, o azeite Pingo Doce: como coexiste com o Gallo na mesma superfície?
Se admitirmos que, em vez duma imposição do distribuidor, há lugar a uma negociação com o representante dos produtores, certamente os resultados poderão ser melhores, com ganhos repartidos.
Mas para isso é preciso que a associação seja forte, à semelhança da distribuição.
José Martino disse…
As associações defendem os interesses sócio-profissionais e não interesses económicos/comerciais (estes são defendidos por empresas ou cooperativas). A questão é: como podem as associações intervir em relações comerciais que estão na base das marcas brancas (há sempre pordutores dispostos a alimentar as marcas da distrbuição porque estes produtores também ganham com estas transacções)?
José Silva disse…
E se os estatutos não forem limitativos nos seus objectivos?

Lembro-me do caso de insucesso -> sucesso da Maçã de Alcobaça e agora vejo que a Associação estabelece

- REGRAS DE COMERCIALIZAÇÃO

- Regras comuns
- Condições contratuais
- Preços Líquidos
- Margens de comercialização
- P.V.P.
- Exposição em embalagem
- Divulgação

e até participa noutras iniciativas, como

Parceiro no Projecto de Desenvolvimento de Uma Nova Estratégia na Área Produtiva, Comercial e Organizativa para a Ginja nos Concelhos de Óbidos e Alcobaça, em colaboração com a Câmara Municipal de Óbidos e a Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste.

Reparo também que surge a

Associação de Produtores de Cereja de Resende

Encontra-se em fase de constituição a Associação de Produtores de Cereja de Resende, que tem o apoio da Câmara Municipal, tendo os respectivos estatutos sido elaborados pelos serviços jurídicos do Município.
Destina-se a promover a cereja e a ajudar a criar as condições para a sua produção, promoção da sua qualidade e também da sua comercialização.

Vejamos o caso desta veterana

Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha (1993)

Objectivos da ANP
- Gerir e administrar a Pera Rocha do Oeste, defendendo e promovendo a imagem de qualidade do fruto e dos agentes envolvidos na produção, comercialização e marketing. Esta tarefa foi-lhe legalmente conferida pelo Estado Português em 1994.
- Executar acções de promoção e marketing da Pera Rocha do Oeste, quer no mercado português, quer nos mercados externos (comunitários e terceiros).
Para poder dispor de fundos próprios para estas acções, todos os exportadores, sem excepção, têm contribuído todos os anos desde 1994, com um valor por quilograma exportado / expedido, para um fundo de promoção que a ANP utiliza.
- Desenvolver a capacidade dos agentes envolvidos na produção de Pera Rocha.

---Outros casos existirão?---

No meu entender, o Marketing e a Comercialização têm que estar integrados nos interesses globais da fileira. Doutro modo, até a Casa do Douro vai à falência com o vinho 'parado' nas pipas.
José Martino disse…
A Maçã de Alcobaça é um caso de sucesso porque é constituída por um conjunto pequeno de empresas e cooperativas com interesses comuns bem definidas e geridos pelo meu amigo, Eng. Jorge Soares. Trata-se de um loby bem montado que consegue captar importantes recursos financeiros públicos. Parabéns pelo sucesso alcançado!

A cereja de Resende é uma Associação que está a ser montada ao contrário do que seria normal esperar. Como não há um conjunto de minímo de produtores que tenham massa critica para fazer avançar a Associação já existente e eventualmente por questões políticas, é o Municipio assume a liderança de uma nova associação. Neste caso, irá posteriormente atribuir-lhe subsídios para que esta faça o trabalho que o Presidente da Câmara pretende que venha a ser feito. Parabéns ao Presidente da Câmara de Resende que não se resigna ao "marasmo" que existe no desenvolvimento da Cereja de Resende!

A ANP é outro loby muito eficaz que começou há muitos anos atrás, em que conseguiu tirar partido da abundância de recursos públicos nacionais existentes. O seu maior sucesso foi conseguir um subsídio à exportação de cerca de 6 cêntimos/kg de pêra exportada (12 escudos/kg) durante largos anos.
Isto é o resultado de um dos lobys mais TRADICIONAIS DE PORTUGAL - o da Região do Oeste/Ribatejo. Há conjugação de interesses entre autarcas, deputados, Quadros de Topo e Intermédios do Ministério da Agricultura, dirigentes associativos e empresariais.
Na Região Norte, ao nível dos dirigentes associativos e empresariais,assumimos que somos importantes, mas pouco trabalhamos em Lisboa para captar recursos para esta Região.
Parabéns ao meu amigo Eng. Torres Paulo, pelo trabalho feito em prol da Pêra Rocha!

A Casa do Douro é um caso de política. As funções da Casa do Douro foram esvaziadas por decisão política. O stock de vinho que a Casa do Douro possui é de tal maneira importante que se for colocado no mercado de uma só vez, irá quebrar o muito débil equilibrio entre a oferta e a procura de vinho do Porto. Faço votos para que o próximo Ministro da Agricultura tenha a coragem política para resolver este problema!
José disse…
É bom saber que sabe. Parabéns!

E saber que quer tornar o Norte também mais forte.

O saber conta muito, não apenas a sorte.

Parar é trocar vida por morte...

(até rima!)
José Silva disse…
Ainda quanto às marcas brancas, alguma fraqueza haverá por parte dos produtores.

O Marketing e a Comercialização têm que ser tratados a nível superior na fileira. Quem o faz?

Vejam-se mais umas histórias de lamentações:

http://www.confagri.pt/Noticias/Nacionais/noticia27243.htm

http://www.confagri.pt/NR/exeres/9715B565-E010-4296-9E26-5AE174E0C463.htm

E o apelo LeiTuga:
dia 26, 11h, no Feira Nova da Póvoa

http://leituga.blogs.sapo.pt/1307.html
José Silva disse…
Aqui a marca é 'vermelha' mas os problemas são 'Verde-Rubro?:

.../...
Dir-lhe-emos apenas, que em nome de um tecnocrático estudo de marketing comercial, este Governo e o seu Ministro da Agricultura, com alguns cúmplices locais, decidiu à margem de qualquer debate sério com a Região, substituir a designação “Vinhos do Ribatejo” por “Vinhos de Lisboa”! Pode parecer que é uma idiotice, uma brincadeira de mau gosto, mas não. Substituiu-se o património por bugiganga modernaça! Isto é, muda a designação dos vinhos, para encobrir as reais dificuldades dos vitivinicultores regionais (e de todo o País), que tem problemas de preços e escoamento dos seus vinhos mas por causa das políticas governamentais, onde se inclui, uma desastrosa Reforma da Organização Comum do Mercado do Vinho, aprovada, para vergonha nossa, durante a Presidência Portuguesa da União Europeia. Reforma, certamente boa para quem fabrica vinho à custa da beterraba (Alemães e alguns franceses), certamente adequada aos interesses dos grandes importadores de vinho, mas um desastre para quem produz um vinho de qualidade como o nosso.

Reforma, que permitiu que as grandes superfícies, estejam a vender uma mistela a que dão o nome de vinho, importada não se sabe de onde, pois não tem indicação do país de origem ou do produtor, a 89 cêntimos o litro! Isto é, um preço inferior ao que pagamos pela água de mesa engarrafada em qualquer café. Isto é a um preço que não paga a vindima!

Mas o que acontece com o Vinho, acontece com o leite, com grandes superfícies a vender a 39 cêntimos, leite importado da Alemanha, Espanha, Polónia etc, preço que é claramente um preço de dumping, não pagando os custos de produção, transporte e distribuição! Acontece com o arroz, igualmente importado e vendido a preços semelhantes ao que recebe o agricultor português. Acontece com o azeite, vendido a 1,39 euros o litro, ou seja não paga a apanha da azeitona! Preços das marcas brancas das grandes cadeias de distribuição, Belmiro, J. Martins, LIDL, etc, que engrossam os bolsos destes e desgraçam a produção e a indústria nacionais!

Escândalo de dumping que não mexe com o Governo nem leva uma entidade dita Autoridade da Concorrência a intervir!

Um desastre de política agrícola que quer acabar com essas produções, como liquidou a produção de beterraba sacarina nos campos do Sorraia, aceitando mais uma inaceitável reforma da Organização Comum da Mercado da Beterraba, pondo a fábrica de Coruche a trabalhar com matéria-prima importada!

Um desastre de política que passados dois anos e meio sobre o início do novo ciclo de fundos comunitários, só agora e mal e pouco, os agricultores começam a ver alguma coisa. Um PRODER burocrático, com baixo nível de ajudas, grandes prazos e fracas expectativas de aprovação.

Um desastre de política agrícola que depois de retirar a electricidade verde, deixou que os preços dos adubos, rações, sementes, fertilizantes, gasóleo agrícola, disparassem para preços especulativos enquanto a produção agrícola tinha os seus preços em baixa.

Um Governo que depois de 4,5 anos a dormir, acordou, e vem agora propor mudanças estruturantes em fim de legislatura e já sem a Assembleia da República para atrapalhar, como sucede com os pedidos de autorização legislativa para a Lei do Arrendamento e o Código Florestal, ou o Decreto-Lei da Reserva Agrícola Nacional. Um desastre.

O Governo não desmantelou apenas o Ministério da Agricultura, o Governo desmantelou também a agricultura portuguesa.

http://www.cdu.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=384&Itemid=36

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