A Moda nas Atividades Agrícolas

Boa tarde

É capaz de explicar porque existem modas nas culturas agrícolas que se promovem a cada momento?

Não seria melhor que cada parcela ou exploração agrícola tivesse definido previamente pelo Ministério da Agricultura, quais as atividades que se pudessem investir e só estas obteriam subsídios? Tem opinião sobre este assunto?

Cumprimentos.


Comentários:
1. Do ponto de vista médio, qualquer cidadão português minimamente informado tem opinião que as atividades agrícolas não são rentáveis ou têm rentabilidade muito baixa. Isto é confirmado pelos grandes números das estatísticas das agriculturas de Portugal. É pensamento comum que as atividades agrícolas inovadoras têm maior probabilidade de gerarem rentabilidade para os empresários pioneiros que se dediquem a exporá-las, sobretudo nos primeiros tempos (claro que a maioria também se esquece que o risco é mais elevado porque é maior o desconhecimento  e falta de experiência na produção e no mercado).

2. O indicado 1. gera que a cada momento se formulem as seguintes perguntas: "O que está a dar? Qual a atividade agrícola que está na moda?".
Quando as respostas às questões formuladas são comummente aceites pela sociedade gera-se um movimento, o qual torna confortável do ponto de vista de quem investe, a justificação para a decisão de se dedicar a essa atividade sem acautelar os pormenores e sem uma avaliação profunda dos riscos em causa (há a sensação que se está a tomar a decisão certa, a fazer o que está certo, porque há muitos outros na mesma situação, não se quer ficar para trás). Está criada e fomentada a moda para determinada atividade agrícola. Com o passar do tempo, começam a circular as notícias dos problemas gerados na atividade da moda, bem como dos respetivos estrangulamentos e limitações, situações perfeitamente normais em qualquer processo inovador. Estes factos geram pensamentos que a atividade "deixou de dar" e passasse a ir à procura e identificar outra nova moda.

3. O indicado em 1. e 2. acontece porque há falta de massa crítica no terreno, falta de conhecimento dos dados estatísticos das atividades e mercados agrícolas, do melhor modelo técnico económico para cada atividade agrícola, do respetivo potencial de adaptação a cada microregião de Portugal, pontos fortes e fracos respetivos, economias de escala na produção e no acesso aos mercados, etc.

4. Para cada parcela agrícola, teoricamente, há um número elevado de atividades que se podem desenvolver, as quais têm de ser analisadas face ao perfil do empresário, tipo de mercado a explorar, dimensão de exploração, nível de risco, etc. Na minha opinião, o Estado não de deve meter na definição e fixação de opções de investimento e deixar essa decisão para opção livre dos agentes económicos. Pelo contrário, caso o fizesse, iria gerar decisões artificiais por parte dos agentes económicos que não avaliariam de forma consciente o risco em causa e geraria um nível elevadíssimo de insucesso empresarial. 

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